Câmara rejeita repúdio a secretário e volta ao debate sobre passaporte da vacina
Iluminismo, revolta das vacinas e nazismo foram lembrados enquanto maioria defendeu Geraldo Resende
Apesar da declaração do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) de que não haverá passaporte da vacina em Mato Grosso do Sul, a discussão sobre o tema e a fala do também tucano e secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, de ontem (27), tomou boa parte do tempo da sessão ordinária da Câmara Municipal nesta manhã.
Os vereadores recorreram a fatos históricos, como iluminismo, revolta das vacinas e nazismo para defender seus argumentos. Durante audiência ontem, Geraldo chamou os contrários ao passaporte de "nazistas e fascistas".
Após explanação técnica em defesa da exigência de comprovante de vacina em eventos, o vereador André Luís, o “Prof. André” (Rede), disse que o passaporte não vai impedir o ir e vir, mas apenas estimular a colaboração das pessoas para a meta de controlar e depois erradicar o vírus. Além disso, justificou a atitude do secretário, em discussão sobre moção de repúdio, que foi negada pela maioria.
“Liberdade não é libertinagem. As palavras ditas no calor não são crime. Foram palavras infelizes, que todos reconhecem, mas seria injusto repudiá-lo, sem repudiar a assembleia”, comentou o vereador, fazendo referência à plateia da audiência, que se exaltou durante a fala de Geraldo.
Juari Lopes, vereador pelo mesmo partido do secretário, o PSDB, defendeu o correligionário.
“Passamos por período parecido com o da Idade Média, em que a ciência era rejeitada e a teocracia era priorizada e, o senhor (André), assim como eu e boa parte dos nobres pares somos os iluministas, que vimos, no momento certo, para mostrar a importância da ciência”, disse.
Na opinião da vereadora Camila Jara (PT) e Marcos Tabosa (PDT), também houve excessos da plateia durante a audiência.
"Partir para cima de um secretário? Foi o que vi ontem, a intolerância. Voto não e parabenizo o Geraldo pela excelência na condução da vacinação aqui no Estado”, disse a petista. “A fala foi pesada, mas ele foi muito provocado”, argumentou Tabosa.
Sem repúdio - Alguns parlamentares disseram que a fala do secretário foi “infeliz”, mas não viram necessidade para aprovação da moção de repúdio, solicitada pelo vereador Thiago Vargas (PSD).
Em discussão, três vereadores defenderam a moção e argumentaram, votando sim, mas 19 votaram contra a moção, encerrando o assunto, depois de um longo debate.
Votaram a favor da moção apenas os vereadores Gilmar da Cruz (Republicanos), Roberto Santana, o "Betinho" (Republicanos) e Thiago Vargas.
"Temos que mandar um recado: pode vir aqui, mas jamais destratar as pessoas que são contrárias ao passaporte. Não somos contra vacina e sim, contra a imposição de uma vacina, que estará retirando o direito de liberdade e escolha de cada cidadão campo-grandense", argumentou Thiago.
“Foi um momento em que ele ficou descontrolado”, comentou Gilmar. Betinho lembrou que votou sim apenas pela fala do secretário. “Respeito a história dele, voto sim apenas pelo ato”, destacou.
Apesar de votar contra a moção, por não julgarem necessária, alguns se posicionaram contra a fala do secretário.
“Nunca voto favorável à moção de repúdio, mas acho que ele (Geraldo) errou feio”, opinou Loester Nunes (MDB). “Foi mal educado, deselegante e desrespeitoso, mas pelo trabalho dele, voto não”, disse Alírio Villasanti (PSL).