Geraldo chama contrários a passaporte de "nazistas e fascistas" e causa revolta
Secretário ainda prometeu discussão sobre obrigatoriedade de se apresentar comprovante de vacinação em todo MS
Acusando contrários ao passaporte de "nazistas" e "fascistas", o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende promete discussão em todo Estado sobre a obrigatoriedade de se apresentar comprovante de vacinação contra covid-19 em eventos e estabelecimentos. O debate ocorreu esta tarde na Câmara de Vereadores.
A audiência pública, que já começou acalorada, terminou ainda mais "quente" com as declarações de Resende, que durante toda sua fala, ouvia gritos de "liberdade" por parte de quem defende a não apresentação do passaporte. Nitidamente revoltado com a situação, o secretário afirmou que defender a liberdade, para alguns grupos, é uma incoerência.
"Esses que querem interditar o debate sobre o assunto, esses que gritam liberdade, liberdade, liberdade, são os mesmos que vão às ruas pedir intervenção militar, fechamento do Congresso Nacional e do STF [Supremo Tribunal Federal]. Que liberdade é essa que quer derreter os instrumentos da nossa democracia?", questionou.
Quase ao final do seu discurso, afirmou que os que defendem essas pautas são os "nazistas e fascistas da atualidade" e que estes "não vão prosperar. Nosso povo haverá de derrotá-los e deixá-los na lata de lixo da história".
O vereador Thiago Vargas (PSD), indignado, chegou a querer avançar sobre o secretário e defendeu o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), afirmando que foi o presidente que trouxe as vacinas e que não aceitaria o que considerou ser um desrespeito por parte do secretário estadual.
Entre as vozes dissonantes à obrigatoriedade do passaporte, a representante da ACICG (Associação Comercial de Campo Grande), Juliana Aranda afirmou que a exigência do passaporte penalizará ainda mais o comércio, que já foi muito prejudicado durante a pandemia.
"Isso (passaporte) fere o direito de liberdade dos cidadãos. O comércio já sofreu com a pandemia e nós já adotamos todas as medidas que a prefeitura pediu, com distanciamento, álcool em gel. E o comércio não é fiscalizador, se deixarmos de atender essas pessoas (que não tomaram vacina), essas pessoas vão comprar pela internet", avalia.
O secretário municipal de Saúde, José Mauro, comentou que a obrigatoriedade pode ser inócua, uma vez que poderá ser uma futura lei que não terá como ser fiscalizada, além de ter de ser aplicada a apenas 15% da população campo-grandense, que é o índice de não vacinados. "Essa discussão já é tardia", afirma.
Com a audiência encerrada, os vereadores vão tentar retomar a discussão amanhã, durante sessão ordinária da Casa de Leis.