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Política

"Chacoalhada" derruba muro e mandato de vereador, cassado por quebra de decoro

Rogério Rohr questionou qualidade e valor de construção de muro de R$ 400 mil e vídeo foi usado contra ele, pelo prefeito acusado

Silvia Frias | 23/12/2020 11:55
Vereador (camisa branca) no local onde muro teria sido derrubado (Foto/Divulgação)
Vereador (camisa branca) no local onde muro teria sido derrubado (Foto/Divulgação)

Por 6 x 3, o vereador de São Gabriel do Oeste, Rogério Rohr (PSD) teve o mandato cassado por quebra de decoro parlamentar. O processo foi aberto depois que ele derrubou parte de muro no entorno do lixão, obra da prefeitura, questionada pelo parlamentar e orçada em R$ 410,529 mil.

“Hoje não é dia bom”, declarou Rohr, em vídeo divulgado ontem à noite, nas redes sociais, ao comentar o resultado da sessão extraordinária, em que teve o mandato cassado.

Rohr agradeceu aos 3 votos contrários à cassação e disse que os advogados iriam recorrer da decisão na Justiça Eleitoral.

O motivo da cassação é vídeo feito na noite de 13 de outubro, no lixão de São Gabriel do Oeste (veja abaixo). O vereador questionava a qualidade de obra do muro construído no entorno do local, orçada em R$ 329.126,48 e aditivada em R$ 81.402,61 em fevereiro de 2020. O valor total foi de R$ 410.169,09.

Segundo o vereador, parte da obra havia caído, por conta de ventania de pouco mais de 40 km/h, o que somente teria ocorrido por conta da obra mal feita.

Naquela noite, foi até o local e, segundo ele “só chacoalhou” o muro, próximo de onde outra parte que já havia desmoronado. “Não chacoalhei com força, mas ele caiu”.

As imagens fazem parte do processo enviado pelo prefeito Jeferson Luiz Tomazoni (PSDB) à Câmara Municipal de Vereador, pedindo a cassação dele. No pedido, também foi citada a acusação feita pelo vereador contra Tomazoni de desvio de recursos para campanha eleitoral. O prefeito foi reeleito, com 75% dos votos válidos.

"Não chacoalhei com força", disse vereador sobre imagem que derrubou seu mandato (Foto/Reprodução)
"Não chacoalhei com força", disse vereador sobre imagem que derrubou seu mandato (Foto/Reprodução)

O advogado Alexandre Padilha, que representa o vereador, questionou o trâmite do processo, como a recusa de tomar depoimento das 9 testemunhas listadas pelo vereador, sendo permitido apenas 3.

Padilha diz que a fiscal de engenharia da prefeitura havia emitido laudo com avaliação de que o muro deveria ser totalmente demolido a partir da fundação. Na Câmara, posteriormente, disse que “se equivocou”, segundo advogado.

O prefeito também teria sido avisado do parecer naquele dia, mas, na investigação, consta que ele não foi informado.

O advogado relata que Rogério Rohr sempre fez oposição ao prefeito e ainda foi crítico do aumento dos vereadores durante a pandemia e questionava as diárias usadas pelos colegas. “Ele não criou amigos dentro da Câmara”.

Agora, a defesa aguarda a publicação do decreto de cassação para averiguar se também há penalidade dos direitos políticos nos próximos 8 anos. Se isso acontecer, Rohr, o mais votado para a próxima legislatura, com 766 votos, não poderá assumir. Ele já havia sido o mais votado em 2016, com 908 votos.

O presidente da Câmara, Valdecir Malacarne, comentou que não há problemas nas ações dos vereadores de oposição. “Todo mundo pode fazer, o que não pode é quebra de decoro”. Malcarne não quis comentar o caso, dizendo que apenas presidiu a sessão de cassação.

A reportagem entrou em contato com o prefeito, mas não obteve resposta.


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