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Política

Delcídio vê “viés político” em denúncia sobre suposto prejuízo à Petrobras

Josemil Arruda | 12/04/2014 11:39
Delcídio voltou a negar qualquer irregularidade no contrato com a Alstom (Foto: Stephanie Romcy)
Delcídio voltou a negar qualquer irregularidade no contrato com a Alstom (Foto: Stephanie Romcy)

O senador Delcídio do Amaral (PT) afirmou neste sábado (12), durante entrevista coletiva, que teve sim um “viés político” a denúncia veiculada pelo Jornal Nacional, da TV Globo, na noite da última quinta-feira, de que ele teria avalizado, quando diretor de gás e energia da Petrobras, a compra de turbina da empresa suíça Alstom, apesar de parecer da área jurídica apontar para prejuízos para a estatal brasileira. A compra de turbinas para a Nova Piratininga custou US$ 49,7 milhões e ocorreu na gestão de Fernando Henrique, integrando o Programa Emergencial de Termelétrica, levado à cabo por conta da baixa oferta de energia que havia então.

Indagado se a denúncia poderia ter sido feita por influência do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), com quem andou tendo desavenças políticas sobre a indicação de Nestor Cerveró para a diretoria internacional da Petrobras, Delcídio respondeu: “Pode ter sim um víeis político nacional. Um pombo que voa em Brasília. Não estou personalizando, não estou identificando ninguém”.

Questionado, em seguida, se a denúncia não teria sido decorrente de “fogo amigo do PT”, o senador petista voltou a dizer que percebeu um viés político nela, mas que não poderia acusar ninguém. “Vou apurar o que aconteceu, mas que teve viés político, teve”, declarou durante a entrevista em seu escritório político em Campo Grande.

Delcídio anunciou que na próxima quarta-feira (16) terá uma reunião com dirigentes da Rede Globo para discutir a matéria que foi veiculada. “A Globo é muito justa e vai compreender meus argumentos”, afirmou o parlamentar, que fez questão de destacar, nas primeiras palavras aos jornalistas, que a notícia do Jornal Nacional não teve repercussão em outros noticiários da Globo e nem no restante da grande imprensa. “Não teve repercussão nacional. Ninguém deu nada nos jornais de grande circulação e nas rádios com impacto nacional. Foi zero”, afirmou ele. “As revistas nacionais também não trazem nada, apesar da torcida de alguns para que trouxessem”, acrescentou.

Para o senador, a denúncia teve repercussão apenas em alguns veículos de comunicação de Mato Grosso do Sul e em razão da “disputa política antecipada”. Lamentou que em vez de se usar o tempo para atender aos reclamos da população, alguns queiram partir para “ataque vis”. O pior, segundo o petista, é que não se trata de divergência política, mas pessoal. “Fizeram até uma charge minha com minha família. Nem a máfia italiana ataca a família”, criticou.
Apontou ainda que há uma sequência de tentativas de trazer fatos velhos à tona, a fim de buscar denegrir sua imagem. “Tentam anabolizar fatos velhos”, acusou o senador, informando que estão “tentando até mesmo achar uma amante minha na Petrobras”, empresa na qual trabalhou há 12 anos. “Tentam misturar os fatos para ver se colam”, avisou.

Quanto ao negócio em si com a Alston, Delcídio reafirmou que a compra das turbinas para a Usina Nova Piratininga foi a preço de mercado, sem causar nenhum tipo de prejuízo à Petrobras. Os óbices apresentados pela assessoria jurídica da Petrobras, segundo ele, não tinham razão de ser. Quanto aos 15% de compensação para o comprador em caso de quebra do equipamento, comparou à compra de um carro novo. “Se compro o carro e não atendeu ao que eu queria, eu troco ou o vendedor me dá uma compensação”, disse, considerando que houve “equívoco de interpretação” da Globo. Sobre a revisão unilateral, conforme o senador, era uma proteção para a Petrobras, já que impunha obrigação da Alstom de corrigir eventuais problemas de potência no equipamento. “Carro operar na Cordilheira dos Andes terá desempenho diferente em relação ao nível do mar. O desempenho é diferente”, comparou.

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