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Política

Demora de Dilma em indicar cargos revolta e tira deputados do sério

Lidiane Kober | 29/05/2015 17:59
Zeca disse que está decepcionado com o governo da presidente Dilma (Foto: Divulgação)
Zeca disse que está decepcionado com o governo da presidente Dilma (Foto: Divulgação)

Deputados federais perderam a paciência com a presidente Dilma Rousseff (PT) e estão indignados com a demora na indicação de aliados para assumir cargos federais em Mato Grosso do Sul. A revolta se agrava porque algumas vagas estariam na mão de rivais e até de gente indicada por político que já morreu.

O deputado federal Zeca do PT é um dos mais indignados. Ele não poupou críticas e desabafou. “Estou decepcionado com o governo Dilma”, declarou. “Não é justo o pessoal do PT, que foi às ruas pedir votos para ela, ficar chupando o dedo, enquanto gente do DEM, dos Trad e dos Tebet, comanda cargos estratégicos no Estado”, explicou.

Segundo Zeca, o chefe da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, vinculada ao HU (Hospital Universitário), é ligado ao deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM). Ele informou ainda que o responsável pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) no Estado teria sido indicado pelo ex-deputado federal Nelson Trad, morto em 2011, e o titular do Nucleo de Saúde, seria apadrinhado do ex-senador Ramez Tebet, que morreu em 2006.

“São cargos importantes. O Núcleo de Saúde, por exemplo, é responsável por auditar todo recurso federal que vem para o Estado aplicar em saúde”, comentou Zeca. “Temos que fazer Justiça com o nosso povo (do PT) e tirar dos cargos federais gente que não fez campanha para o PT”, reforçou. “Vou ficar esperando até quando, não vou fazer papel de bobo, não sirvo para isso”, concluiu.

O deputado federal Dagoberto Nogueira (PDT) também espera a chance de conquistar o comando de um cargo federal importante no Estado. Ele está no olho na Funasa (Fundação Nacional de Saúde). Ele, no entanto, ao contrário dos demais aliados, já emplacou um parceiro na chefia da Superintendência Regional do Trabalho.

“Estou pleiteando a Funasa, um órgão forte, que tem atividades, onde posso botar algumas pessoas”, comentou. “Não adianta um órgão meramente fiscalizador, com o Superintendência do Trabalho, que fecha indústria. Isso, politicamente não ajuda, até é ruim”, emendou Dagoberto.

Dagoberto está de olho no comando da Funasa em MS (Foto: Divulgação)
Dagoberto está de olho no comando da Funasa em MS (Foto: Divulgação)

Questionado sobre a possibilidade de ficar de fora da divisão de cargos, já que o PDT votou contra o governo em medidas provisórias de ajuste fiscal, o deputado não gostou e prometeu reagir. “Aí vou começar a brigar, tem espaço para todo mundo e eles (o governo) precisam da gente, tenho certeza que vão me prestigiar”, disse.

Missão – Ainda de acordo com Dagoberto, o senador Delcídio do Amaral (PT), líder da presidente no Senado, ficou com a missão de dividir os cargos federais em Mato Grosso do Sul e de conciliar os pedidos com o governo. “Em função das votação das MPs, o Delcídio ficou intertido e pediu para conversar só depois das votações”, contou o pedetista.

Há 15 dias, Zeca procurou Delcídio e levou suas reivindicações. Ele, inclusive, sugeriu ao correligionário para aproveitar do seu “peso” político em Brasília para acomodar parceiros em cargos federais no Distrito Federal.

“Ficou tudo na mão do Delcídio, ele tem papel relevante no governo e pode pedir, por exemplo, o comando da Sudeco (Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste), indicar o vice-presidente da Caixa (Ecônomica Federal), dos Correios e cobrar uma diretoria do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária)”, avaliou Zeca.

Ele ainda sugeriu para Delcídio dividir os cargos federais entre os aliados de Dilma, levando em conta o ministério que cada partido comanda. “Os cargos dos ministérios do PMDB, entregam ao PMDB; do PT, ao PT; do PR, ao PR e assim por diante”, propôs.

Deputado federal pelo PMDB, Geraldo Resende adiantou que não quer nenhum cargo federal, porque não fez campanha para Dilma no Estado. “Continuo com a mesma posição, não devo participar desse processo”, resumiu.

Delcídio sabe das queixas, mas ponderou a necessidade de conciliar os interesses (Foto: Divulgação/assessoria)
Delcídio sabe das queixas, mas ponderou a necessidade de conciliar os interesses (Foto: Divulgação/assessoria)

Conciliando interesses - O senador Delcídio está ciente das queixas dos aliados, mas ponderou que, como líder do governo, vive situação delicada e precisa conciliar todos os interesses. “Agora, estou em uma função que é mais difícil, se não souber mexer, acabo prejudicando o comportamento dos parlamentares na Câmara, no Senado”, comentou, fazendo menção ao momento difícil enfrentando pelo governo em votações estratégicas.

“Sei que estão reclamando, vou compor os interesses da bancada, mas não vou fazer nada para prejudicar o governo, não posso olhar só para os deputados do Estado e prejudicar o governo no Congresso”, reforçou Delcídio.

Neste sentido, o plano é partilhar os cargos federais no Estado entre todos os aliados da presidente Dilma, inclusive, o PMDB, que no Estado, apoiou o PSDB na corrida presidencial. Já os cargos em Brasília, Delcídio pretende reservar, exclusivamente, para aliados de primeira hora, como do PT.

O senador informou ainda que até terça-feira (02) passa a lista nominal dos indicados ao vice-presidente Michel Temer (PMDB), que ficou com a missão de nomear. “Neste final de semana termino de fechar a lista para, no mais tardar, entregar ao vice-presidente na terça-feira”, garantiu Delcídio.

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