Deputado e conselheiro do TCE presos estão no Presídio Militar
Zé Teixeira e Márcio Monteiro foram levados para unidade prisional; operação envolve 14 mandados de prisão, 11 deles cumpridos
Dois dos 11 presos nesta quarta-feira (12) durante a Operação Vostok, comandada pela Polícia Federal, já estão no Presídio Militar, em Campo Grande. O deputado estadual Zé Teixeira (DEM) e o conselheiro Márcio Monteiro, do TCE (Tribunal de Contas do Estado), foram levados para o local, conforme apurou o Campo Grande News. A unidade vem sendo usada para cumprimento de prisões especiais.
Teixeira recebeu durante a noite a visita de representantes do DEM, que lhe entregaram alimentos, roupas e utensílios pessoais. Eles chegaram ao Presídio Militar, mas não deram mais informações à imprensa.
Os presos durante a operação foram levados para a Superintendência da PF e, de lá, seguiram para exame de corpo de delito no Imol (Instituto de Medicina e de Odontologia Legal). O pecuarista Zelito Ribeiro deve permanecer na sede da Polícia Federal, pois se apresentou no fim da tarde e deve prestar depoimento apenas na quinta-feira (13).
O corretor de gado José Ricardo Guitti Guimaro e o também pecuarista Elvio Rodrigues ainda eram aguardados pela PF, enquanto o também produtor rural e ex-prefeito de Porto Murtinho, Nelson Cintra Ribeiro, retorna de viagem e deve se apresentar na quinta-feira.
Também foram presos Rodrigo Souza e Silva, filho do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), o pecuarista Francisco Carlos Freire de Oliveira, Miltro Rodrigues Pereira, Ivanildo da Cunha Miranda (delator da Lama Asfáltica), o empresário João Roberto Baird, Antônio Celso Cortez (dono da PSG Tecnologia Aplicada), Osvane Aparecido Ramos (ex-prefeito de Dois Irmãos do Buriti) e Rubens Massahiro Matsuda.
Além do Presídio Militar, o Centro de Triagem deve receber outros presos. Osvane estava nesta noite na sede do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos, Assaltos e Sequestros).
Investigação – A Vostok teve início com a delação premiada dos irmãos Wesley e Joesley Batista, do Grupo J&F –controlador da JBS–, que apontaram a existência de um esquema de pagamentos por meio de notas frias que se usa de Tares (Termos de Acordo de Regime Especial). O sistema teria surgido na gestão do ex-governador Zeca do PT, sendo mantido nas de André Puccinelli (MDB) e de Azambuja.
Mais de 220 policiais foram mobilizados para cumprir 14 mandados de prisão e 44 de busca e apreensão em residências e no gabinete de Teixeira na Assembleia, entre outros endereços. A operação decorre de inquérito no STJ (Superior Tribunal de Justiça) sobre as denúncias da J&F de troca de incentivos fiscais por propinas em Mato Grosso do Sul.
Segundo despacho do ministro Feliz Fisher, ao qual o Campo Grande News teve o acesso, o Ministério Público Federal aponta um esquema de pagamentos de propinas da empresa do ramo frigorífico a políticos era dividido em três núcleos e rendeu lucro de ao menos R$ 67.791.309 aos denunciados. As fraudes teriam somado prejuízo de R$ 209 milhões ao Estado entre 2014 e 2016.
Em nota nesta quarta-feira, Reinaldo questionou a extemporaneidade da operação, realizada há cerca de 20 dias das eleições –nas quais tentará a reeleição–, bem como suas características midiáticas. Ele informou que, como seu filho, esteve à disposição do STJ para esclarecimentos, mas nunca foi chamado para depor, afirmando ainda que vai recorrer da detenção de Rodrigo.
* Matéria alterada às 20h44 para acréscimo de informações