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Política

Efeito eleitoral da reforma da Previdência vira obstáculo para Temer na Câmara

Além do temor de parlamentares em votarem projeto polêmico, mudanças de última hora dificultam busca de apoio ao texto; bancada de MS está dividida em relação a posicionamentos

Humberto Marques | 06/12/2017 17:08
Marun afirma que semana seria usada para a busca de mais apoios ao projeto. (Foto: Divulgação/Assessoria)
Marun afirma que semana seria usada para a busca de mais apoios ao projeto. (Foto: Divulgação/Assessoria)

Impactos eleitorais e desconhecimento das mudanças aplicadas no texto são os entraves que o governo do presidente Michel Temer ainda tem para desmontar na Câmara dos Deputados, a fim de garantir a votação na Casa do texto da reforma da Previdência ainda neste ano. Aliados do Planalto no Congresso admitem abertamente que não há votos necessários para uma aprovação tranquila.

A bancada de Mato Grosso do Sul na Casa é um exemplo claro dos empecilhos: dos 8 deputados, apenas um –Carlos Marun (PMDB), um dos líderes de Temer na Câmara– é voto certo em favor do projeto. Os três deputados de esquerda anteciparam votos contrários, enquanto Mandetta (DEM) espera avaliar eventuais mudanças a serem implementadas pelo Governo Temer para garantir mais apoio ao texto final.

A reportagem não conseguiu ouvir Tereza Cristina (sem partido) e os tucanos Elizeu Dionizio e Geraldo Resende sobre sua posição quanto ao projeto –os parlamentares não foram localizados ao longo desta semana. Sobre eles, a reportagem apurou que ainda há dúvidas quanto à adesão ao texto –que poderia ocorrer, no caso dos parlamentares do PSDB, por orientação do partido.

2018 – O apoio ao projeto da reforma da previdência foi um dos motivadores de um jantar, no domingo (3), entre Temer e líderes da base aliada na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). A intenção foi traçar estratégias a fim de se atingirem os 308 votos necessários para aprovar o texto. Uma votação nesta semana já era descartada pela base governista, que esperava colocar a proposta em plenário na semana que vem –a Câmara inicia seu recesso em 22 de dezembro.

“Entendemos ser possível, durante a semana, trabalharmos um caminho que conquiste alguns votos que faltam para a próxima semana”, afirmou Marun. As dificuldades em avançar, reforça ele, espalham-se por diversos partidos, incluindo o próprio PMDB, diante dos temores de parlamentares em defenderem um texto sem apoio popular às vésperas de um processo eleitoral.

“Há muitos deputados receosos. Mesmo sabendo da necessidade da reforma da previdência, estão temerosos com o impacto eleitoral”, ponderou Marun, que declarou voto 100% certo pela reforma.

O temor citado pelo parlamentar é de conhecimento da oposição. Ao reiterar que o PT votará em peso contra o texto, Vander Loubet destacou que as andanças recentes pelo Nordeste do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, virtual candidato ao Planalto em 2018, servem para aumentar a pressão –já que o petista é veementemente contra o texto apresentado pelo Governo Temer e teria diversos políticos daquela região interessados em marchar com ele em uma eventual candidatura ao Planalto.

“Até pela posição de supremacia do Lula, isso reflete inclusive no Nordeste. Tem muitos partidos interessados em apoiá-lo, caso ele seja candidato”, destacou Vander, pontuando que o apoio à reforma da previdência dificulta essa aproximação. Além disso, ele considera que a pressão das ruas, encampadas por movimentos sociais e sindicatos, reforça a pressão contrária ao projeto.

“Isso pressiona muito a base do governo. O desgaste é grande, sentiram isso na reforma trabalhista, por isso vamos intensificar as ações de sindicatos e movimentos populares”, reforçou Vander, segundo quem a proposta não deveria ser analisada sem novos debates.

“Cada candidato que defenda na sua plataforma de campanha o que quer da previdência. Não vai ser um ano que vai acabar com o país”, destacou ele. Além de Vander, Zeca do PT integra a bancada estadual em Brasília e votará contra a reforma.

Dagoberto afirma que havia condições de o projeto ter sido negociado com mais partidos. (Foto: Divulgação/Assessoria)
Dagoberto afirma que havia condições de o projeto ter sido negociado com mais partidos. (Foto: Divulgação/Assessoria)

Prévia – Outro voto contrário, Dagoberto Nogueira Filho (PDT) estima que o governo precisará de mais 100 votos para aprovar a reforma da previdência. O score surgiu a partir de uma votação, na semana passada, que tratava de isenções de impostos para multinacionais. Defendido pelo Planalto, o texto teve 208 votos.

Conforme o deputado, “pessoas sem compromisso com o texto não votaram com o governo, e isso serviu para medirem os votos da Previdência. O governo ganhou, mas soou como uma derrota, porque quem comemorou os 208 votos foi a oposição. Significa que há apenas 208 votos firmes com eles”. “Quem votou para isentar os impostos das multinacionais com certeza votará pela reforma da Previdência”, teorizou Dagoberto.

Esse é o motivo, ainda segundo o pedetista, que fez o Governo Temer buscar o apoio de PSDB, DEM, PPS e outros partidos que orbitam sua gestão. Ainda segundo Dagoberto, o apoio dos tucanos –confirmado na semana passada pelo governador paulista Geraldo Alckmin, que sozinho garante 46 votos peessedebistas à proposta– deve levar a mudanças no texto.

“Devem dar uma esvaziada no texto para o PSDB votar”, afirmou Dagoberto, segundo quem, embora o projeto seja “nocivo”, poderia ser negociado com a Câmara. “Tinha de discutir com a gente. Ver no que o PDT é contra. Tem coisas que podemos concordar, com 90% não concordamos”, pontuou.

Tais alterações também foram citadas pelo deputado federal Mandetta (DEM) como critério para definir seu voto. “O projeto foi muito alterado”, destacou o democrata, que até apoia a reforma da previdência, “mas a maneira com qual mandaram o texto não foi a ideal”. Para ele, “levar um projeto ao plenário no afogadilho não pode resultar em um voto bom para o Brasil”.

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