Em defesa de Lula e contra condenação, grupo protesta no Centro da Capital
Ex-presidente brasileiro terá recurso julgado na manhã desta quarta-feira; político foi condenado a nove anos e seis meses por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro
Um grupo de aproximadamente 50 pessoas se reúne desde às 6h, no centro de Campo Grande, para protestar em defesa do ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.
Com o julgamento marcado para às 7h30 de hoje (24), horário de Mato Grosso do Sul, apoiadores de Lula estão reunidos no cruzamento da Avenida Afonso Pena, com rua 14 de julho.
A manifestação, que segundo organizadores está sendo realizada em todas as capitais brasileiras, busca chamar atenção da população para "a falta de provas" que incriminariam Lula no caso do triplex em Guarujá (SP).
"A ação foi recebida com base em crenças do MPE Ministério Público Estadual), mas não houve nenhuma prova técnica", defende João Gonçalves, do núcleo de juristas pela democracia em Mato Grosso do Sul.
Os manifestantes estão reunidos com auxílio de um carro de som e com faixas e cartazes com frases em defesa ao político. "A expectativa é reunir ao menos 200 pessoas aqui hoje, nessa manifestação pela luta por democracia e pelos direitos de Lula participar das próximas eleições", afirma o presidente do diretório municipal do PT, Agamenon Rodrigues do Prado.
De acordo com a organização, os manifestantes panfletarão durante toda a manhã, enquanto o julgamento estará acontecendo no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre (RS).
Julgamento - O recurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva será julgado hoje (24) pela 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre.
A apelação é contra a condenação de 9 anos e 6 meses de prisão no caso do tríplex do Guarujá, que foi aplicada pelo juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato na primeira instância da Justiça Federal, em Curitiba (PR), em julho do ano passado.
Na sessão, os procuradores e advogados de defesa irão se manifestar, e os três desembargadores irão proferir os votos.
Confira um resumo dos casos em que Lula está na mira da Justiça
Tríplex do Guarujá (réu em segunda instância): Condenado a nove anos e seis meses de prisão, Lula terá seu recurso julgado nesta quarta-feira (24). O apartamento atribuído a Lula, segundo o Ministério Público Federal (MPF), seria fruto de um esquema de corrupção entre o ex-presidente e a empreiteira OAS. Lula, de acordo com as investigações, teria recebido um total de R$ 3,7 milhões em vantagens indevidas.
Sítio de Atibaia (réu): O ex-presidente é acusado de ter recebido propina da OAS e da Odebrecht por meio da reforma de um sítio em Atibaia (SP). Lula foi denunciado em 22 de maio de 2016.
Instituto Lula (réu): Neste caso, as investigações apontam para uma promessa de propina feita pelo empreiteiro Marcelo Odebrecht ao ex-presidente. O pagamento seria feito na forma da aquisição de um terreno para a construção de uma nova sede para o Instituto Lula. A denúncia foi realizada em 14 de dezembro de 2016.
Obstrução de Justiça (réu): Lula responde por supostamente ter tentado o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. A conspiração envolve o ex-senador Delcídio do Amaral, tinha o objetivo de impedir que Cerveró firmasse delação premiada. A denúncia foi realizada em 21 de julho de 2016.
Empréstimo do BNDES (réu): O petista é acusado de favorecer a empreiteira Odebrecht viabilizando empréstimos do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento) para a construtora tocar obras na Angola. A denúncia foi realizada em 7 de outubro de 2016.
Compra de caças (réu): Desta vez, o ex-presidente responde por tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A acusação afirma que Lula teria atuado de forma criminosa na edição de uma medida provisória e na negociação de aviões de combate, os caças Gripen da fabricante sueca Saab. A denúncia foi realizada em 9 de dezembro de 2016.
Operação Zelotes: Denunciado por corrupção passiva ao lado do ex-ministro Gilberto Carvalho, Lula é acusado de ter recebido R$ 6 milhões de montadoras automobilísticas. O valor seria uma contrapartida a vantagens dadas as empresas na edição de medidas provisórias, que beneficiaram o setor. A denúncia foi realizada em 19 de setembro de 2017.