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Política

Em mandato relâmpago, Coringa abre mão de verba que nem teria direito

Coringa tomou posse para mandato tampão e renunciou a ajuda de custo de R$ 33,7 mil, que não é paga pela Câmara durante recesso

Silvia Frias | 04/01/2019 11:03
Coringa tomou posse no dia 2, em cerimônia relâmpago, em Brasília (Foto: Reprodução)
Coringa tomou posse no dia 2, em cerimônia relâmpago, em Brasília (Foto: Reprodução)

O recém empossado deputado federal Junior Coringa (PSD) protocolou na Câmara dos Deputados o pedido de renúncia de ajuda de custo de R$ 33,763 mil. O valor é concedido a deputados e senadores em início e fim de mandato. Porém, no melhor estilo "jeitinho brasileiro", ele está abrindo mão de um recurso a que não tem direito.

A renúncia foi publicada em sua página no Facebook. O protocolo, feito ontem, foi destinado ao diretor-geral da Câmara dos Deputados, Luiz Henrique Xavier Lopes, contendo a renúncia, “de forma livre e irretratável, ao recebimento do pagamento da ajuda de custo referente ao início e término do mandato parlamentar alusivo à 55ª Legislatura”.

A ajuda de custo, conforme dados publicados no site da Câmara dos Deputados, é destinada para compensar despesas com mudança e transporte para Capital Federal. Porém, de acordo com informações do Legislativo, há entendimento na Câmara que o beneficio – que representa custo equivalente ao valor mensal da remuneração – não é pago para deputados federais durante o recesso. No Senado, o valor é repassado.

Ou seja, os R$ 33,763 mil da ajuda de custo somente serão pagos na efetiva atividade parlamentar o que não configura a situação de Junior Coringa, já que seu mandato tampão irá acabar no dia 31, ainda no período de recesso. Coringa assumiu a vaga depois que o titular, Luiz Henrique Mandetta, foi nomeado para o ministério da Saúde.

Mas, sem dinheiro ele não fica. Como deputado federal, além do salário garantido de R$ 33,763 mil, Coringa teria direito de usufruir da cota de exercício da atividade parlamentar, paga como reembolso por despesas como passagens aéreas, combustível e material de escritório. Para parlamentares de Mato Grosso do Sul, essa cota tem teto de R$ 40,542 mil. Além disso, também poderia utilizar até R$ 111,675 mil como verba de gabinete, recurso destinado à contratação de até 25 secretários parlamentares.

Posse
O deputado federal Coringa tomou posse do cargo no dia 2 de janeiro, em cerimônia rápida, realizada com presença do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM/RJ). Inspirado, o parlamentar divulgou frase de Barack Obama. “A mudança não virá se esperarmos por outra pessoa ou outros tempos. Nós somos aqueles por quem estávamos esperando. Nós somos a mudança que procuramos”.

Em Brasília, Coringa disse à reportagem que não sabia que não teria direito a essa ajuda de custo. “Quando fiz a renúncia, tinha a informação de que todos os deputados e senadores recebem, esse era meu entendimento”.

Mesmo sendo uma renúncia inócua, o deputado acredita que o gesto é simbólico e pode servir de exemplo para os demais parlamentares que irão assumir seus mandatos a partir de fevereiro de 2019. “Imagine se todo mundo renunciar, pode ser devolvido e revertido para projetos de saúde e educação”.

Coringa disse que irá retornar a Brasília na próxima semana e deixará dez projetos que, segundo ele, serão encaminhados pela liderança do PSD. “É compromisso do partido comigo e com os que fizeram essas solicitações”. Entre as propostas, a isenção da cobrança de estacionamento, por até 4 horas, nos shoppings e supermercados para pessoas com deficiência.

Protocolo encaminhado à Câmara dos Deputados (Reprodução: Facebook)
Protocolo encaminhado à Câmara dos Deputados (Reprodução: Facebook)
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