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Política

Em votação inédita, vereadores aprovam moção de repúdio a Bernal

Carlos Martins | 19/03/2013 15:46
Na sessão desta terça-feira vereadores aprovaram Moção de Repúdio contra o prefeito Alcides Bernal Em sessão(Foto: Izaias Medeiros/Câmara)
Na sessão desta terça-feira vereadores aprovaram Moção de Repúdio contra o prefeito Alcides Bernal Em sessão(Foto: Izaias Medeiros/Câmara)

Pela primeira vez, em 110 anos de história, a Câmara Municipal de Campo Grande aprovou uma moção de repúdio contra o prefeito da Capital. Em uma votação tensa, por 17 votos a favor, oito contrários e duas abstenções, o plenário votou e aprovou moção que será encaminhada ao prefeito Alcides Bernal (PP) por causa do seu comportamento considerado “deseducado e agressivo” com os vereadores. A gota d água foi a participação do prefeito em um programa de rádio no último sábado, quando ele criticou o vereador Chiquinho Telles (PSD), durante evento no bairro das Moreninhas.

Conforme o vereador Chiquinho Telles, que assinou o requerimento, o prefeito tem utilizado as redes sociais e também os eventos municipais para se dirigir aos vereadores de maneira ofensiva, tratando-os como “cupinchas” e colocando a opinião pública contra a Casa de Leis. “Inflamando para que os eleitores se voltem contra até mesmo em quem depositaram os votos”. Durante a votação, o vereador Alex do PT, líder do prefeito, tentou convencer seus colegas a não aprovarem a moção de repúdio, mas não obteve sucesso.

No último sábado, um dia após ter recebido pela primeira vez a Mesa Diretora da Câmara, para discutir diversos assuntos, Alcides Bernal foi até o bairro Moreninhas liderando o projeto “Mulheres em Ação”. Durante o evento, ele entrou ao vivo em um programa que é apresentado pelo vereador Chiquinho na rádio comunitária 106,3 FM Moreninhas e disse que Chiquinho tinha sido “eleito por pura sorte”.

A declaração revoltou não só Chiquinho, mas também outros vereadores, que afirmaram se sentirem desprestigiados pelo prefeito, que em eventos comunitários sequer cita os nomes dos parlamentares que possuem base eleitoral nestas regiões visitadas pelo prefeito. Chiquinho foi o vereador mais votado das Moreninhas, já que dos 3.729 votos conquistados nas últimas eleições, 2.209 foram obtidos naquela região.

O vereador Coringa, que esteve no bairro das Moreninhas no último sábado, disse que o prefeito falou durante meia hora e em nenhum momento passou uma “mensagem” que pudesse ser direcionada à população. Coringa também disse que o prefeito destacou apenas o nome de Chocolate, seu aliado político, e apenas no final do evento “lembrou-se” de citar o seu nome.

O vereador sugeriu que talvez o “esquecimento” do prefeito seja por questão política, já que ele não integra a base de apoio do prefeito. “Eu vou aos eventos como fiscalizador das ações da prefeitura, e não como parceiro do prefeito”, afirmou.

Citado por Coringa, o vereador Chocolate, que voltou hoje à Câmara depois de ter ficado afastado por 15 dias se recuperando de problemas de saúde, rebateu as criticas dos vereadores, que seriam motivadas por “ciúmes” dos demais. “Talvez porque o prefeito costuma citar meu nome e do Cazuza”, disse, se referindo ao outro vereador que também apóia o prefeito e normalmente comparece aos atos acompanhando o prefeito. “Mas nós temos que respeitar o prefeito e esse assunto nem deveria estar em pauta, já que temos que discutir coisas mais importantes e concretas”, recomendou.

Para o vereador Paulo Pedra, falta articulação política ao prefeito. “O prefeito precisa da Câmara, como o André Puccinelli fez [quando era prefeito]. O André tratava o Legislativo a pão de ló”, comparou.

Pedra diz, ainda, que o prefeito corre riscos se a comoção popular chegar à Câmara. “A saúde está ruim, médicos estão saindo da rede. A Sedesc está sem titular, na Secretaria do Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano uma certidão que saia em três dias leva agora 40 dias para ser entregue. A hora que a população cair na real, já era”, afirmou.

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