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Política

Esposa de Olarte é investigada por adquirir bens de R$ 3,6 milhões

Ministério Público alega que compras não eram compatíveis com capacidade financeira do casal

Aline dos Santos | 18/08/2016 12:40
Andréia (camisa amarela) e Gilmar (camisa branca) foram presos no dia 15 de agosto. (Foto: Fernando Antunes
Andréia (camisa amarela) e Gilmar (camisa branca) foram presos no dia 15 de agosto. (Foto: Fernando Antunes

Aquisição de bens de R$ 3,6 milhões entre setembro de 2014 e maio de 2015 pela então primeira-dama de Campo Grande, Andréia Olarte, com preferência por imóveis de luxo, levou o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) a deflagrar a operação Pecúnia na última segunda-feira (dia 15). O período coincide com a gestão de Gilmar Olarte (Pros) na prefeitura. Foram presos Andréia, o prefeito afastado , o empresário Evandro Simões Farinelli e o corretor Ivamil Rodrigues de Almeida.

No procedimento investigatório criminal, o MPE (Ministério Público Estadual) aponta que a apuração começou após recebimento de informações preliminares de que Andréia Olarte teria adquirido diversos imóveis entre 2014 e 2015, com pagamentos iniciais de elevadas quantias, por meio de moeda corrente, transferências eletrônicas e depósitos em tese incompatíveis com a renda. As informações foram reforçadas com a obtenção de contratos de gaveta. O valor de R$ 3,6 milhões seria incompatível com a capacidade financeira presumida.

Foi identificado um contrato de compra e venda de 10 de setembro de 2014 relativo a um apartamento em Votuporanga, interior de São Paulo. O valor total era de R$ 180 mil, com entrada de R$ 60 mil.

Outras três suspeitas são relacionadas a imóveis no condomínio Villas Damha e no residencial Damha 2. Contrato de 12 de maio de 2015 aponta aquisição de casa no Villas Damha por R$ 600 mil. Sendo R$ 50 mil pagos em dinheiro por Ivamil de Almeida e R$ 360 mil por meio de transferência da conta de Andréia para a vendedora. Uma parcela de R$ 190 mil não foi paga e resultou em ação de execução na Justiça.

Ainda foi localizado um compromisso de venda de um segundo imóvel no Villas Damha. O documento é datado de 28 de janeiro de 2015. Pelo imóvel, a então primeira-dama comprometeu-se a pagar R$ 193 mil em sete parcelas e quitar saldo devedor de R$ 367.500 com a incorporadora. De acordo com o procedimento investigatório, as cinco primeiras parcelas foram pagas por depósito bancário, mas o contrato deixou de ser cumprido por Andréia a partir de julho de 2015, que teria alegado não poder transferir o imóvel para o seu nome.

Gaeco investiga falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. (Foto: Fernandi Antunes)
Gaeco investiga falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. (Foto: Fernandi Antunes)

Ainda conforme o MPE, uma empresa de engenharia foi procurada por Ivamil e outro corretor para construção de casa no condomínio Damha 2. Apesar da matrícula do imóvel estar em nome de Evandro Simões Farinelli e sua esposa,a investigação aponta que Andréia foi responsável por toda a negociação envolvendo a construção do imóvel: valores, forma de pagamento, metragem e materiais empregados. A empresa de engenharia receberia R$ 1,3 milhão para construir imóvel de 400 metros quadrados. Foram pagas cinco das dez parcelas de R$ 130 mil. O pagamento foi em dinheiro, com a primeira parcela paga por Ivamil.

A arquiteta responsável pelo projeto se reuniu duas vezes com Andréia Olarte e não conhece Evandro. No sistema do condomínio, o filho da primeira-dama era identificado como dono do lote.

A pedido do Ministério Público, o cartório de imóveis encaminhou matrículas em nome de Andréia Olarte na Capital. Foram relacionados oito bens, como apartamento, lotes e chácaras. Do total, sete foram adquiridos entre setembro de 2014 e maio de 2015.

O MPE destaca que os pagamentos deixaram ser quitados após o afastamento de Olarte, em agosto do ano passado. Outro ponto em destaque pela investigação é que os imóveis registrados foram subvalorizados para recolher menos impostos, num indício de falsidade ideológica. Já os pagamentos em dinheiro e imóvel em nome de “laranja” trazem suspeita de lavagem de dinheiro. O MPE ainda pediu bloqueio de bens ao TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul).

Defesa – De acordo com a defesa do casal Olarte, o procedimento está em fase de investigação. “Todos os bens estão em nome deles, não tem nada em nome de terceiros. Todos os bens foram legalmente declarados. Isso tudo será comprovado no fim da investigação”, diz o advogado João Carlos Veiga Júnior.

Responsável pela defesa de Evandro Farinelli, o advogado Paulo Nagata afirma que não pode prestar informações pelo procedimento ser sigiloso. A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Ivamil de Almeida.

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