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Política

Ex-senador Delcídio é suspeito de receber R$ 500 mil da Odebrecht

Perícia no sistema da empresa apontou repasses para outras quatro pessoas, no total de R$ 8,5 milhões

Mayara Bueno | 26/12/2018 13:42
Delcídio do Amaral, ex-senador, durante entrevista ao Campo Grande News, em agosto de 2018. (Foto: Marina Pacheco/Arquivo).
Delcídio do Amaral, ex-senador, durante entrevista ao Campo Grande News, em agosto de 2018. (Foto: Marina Pacheco/Arquivo).

Delcídio do Amaral (PTC), ex-senador pelo PT de Mato Grosso do Sul, aparece na lista de políticos que teriam recebido dinheiro da Odebrecht. As informações foram divulgadas nesta quarta-feira (dia 26) pelo G1. 

A movimentação financeira foi constatada em uma perícia nos sistemas de comunicação e contabilidade da empreiteira, entre as investigações da Lava Jato. Tais pagamentos que chegam a R$ 8,5 milhões teriam sido feitos entre maio e agosto de 2012, quando Delcídio ainda ocupava o cargo de senador. A ele, a suspeita é de que recebeu R$ 500 mil.

Além do político sul-mato-grossense, constam na relação os senadores Romero Jucá (MDB-RR), Renan Calheiros (MDB-AL) e Gim Argello (sem partido-DF). Há um quinto nome envolvido que ainda não foi identificado, segundo a reportagem.

Os valores teriam sido pagos como “recompensa” pela aprovação do projeto de resolução do Senado 72/2010, que limitou a concessão de benefícios fiscais pelos estados em portos a produtos importados, no caso conhecido como “Guerra dos Portos”. A denúncia é de que a proposição beneficiou diretamente a Brasken, uma das empresas do grupo Odebrecht.

O inquérito sobre o pagamento foi aberto em abril de 2017 e teve como base as delações premiadas dos executivos e ex-dirigentes da Odebrecht.

Delator, o ex-executivo da construtora Cláudio Melo Filho falou à PGR (Procuradoria Geral da República) sobre um repasse de R$ 3 milhões a Jucá, líder do governo no Senado, na época.

A empresa também teria feito um pagamento de R$ 500 mil ao ex-senador Delcídio do Amaral em 16 de agosto daquele ano, por meio do doleiro Álvaro Novis. O ex-senador cobrou suposta propina após o texto base do projeto ter sido aprovado no Congresso.

Ainda segundo a reportagem, os dados sobre envio de dinheiro foram coletados do sistema de comunicação paralela da Odebrecht, o Drousys, e do sistema de contabilidade, o MyWebDay. Tais informações apontaram pagamento a Delcídio, Jucá, Renan, Gin Argello, e a uma quinta pessoa, ainda não identificada.

Outros pagamentos

Em três pagamentos, R$ 3 milhões foram enviados “em favor da Liderança”, que seria Romero Jucá. R$ 1 milhão para o codinome “Campari”, que seria Gim Argello. A mesma quantia aparece como destino “Justiça”, que seria Renan Calheiros, segundo a investigação e R$ 3 milhões para o codinome “Glutão”, o quinto destinatário que ainda não foi identificado.

Defesa

"Assunto requentado", disse ao Campo Grande News o ex-senador Delcídio do Amaral. "Já fui ouvido pelas autoridades competentes", disse por mensagem. Ao G1, a assessoria disse que o ex-parlamentar "não tem nada a ver com esse rolo". A Odebrecht, ainda segundo a defesa, "aproveitou" um pedido de Delcídio para "ajudar prefeitos" de MS, em 2012, e incluiu na delação como se tratasse de propina. 

Tal solicitação aos chefes de Executivos municipais, cujo nomes não foram revelados, foi atendida na ocasião com doações diretamente às prefeituras, o que explica a quantia. 

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