Farra da pré-campanha impera na rua e quem tem dinheiro larga na frente
No vale-tudo até 16 de agosto, quando a campanha será fiscalizada, só sobrevive uma regra: não pode pedir voto
Sem controle, a farra da campanha eleitoral ganha as ruas em outdoors que estampam postulantes a cargos públicos se oferecendo para palestra, convidando para ser visto em programa de TV e rádio, rodando as principais cidades do Estado a título de ouvir o eleitor ou em produções caprichadas nas redes sociais.
No vale-tudo, só sobrevive uma regra: não pode pedir voto. Ou, como ironizou numa postagem o pré-candidato Antônio João Hugo Rodrigues (PTC), que vai disputar vaga na Assembleia Legislativa, no Facebook: “Que vontade de pedir votos para vocês”.
A propaganda eleitoral será liberada em 16 de agosto, quando os concorrentes já deixaram de ser “pré” para assumir de vez o posto de candidatos. Até lá, vale a legislação de “não configuram propaganda eleitoral antecipada, desde que não envolvam pedido explícito de voto, a menção à pretensa candidatura, a exaltação das qualidades pessoais dos pré-candidatos e os seguintes atos, que poderão ter cobertura dos meios de comunicação social, inclusive via internet”.
Neste cenário, o poder econômico larga na frente, pois partido com mais dinheiro divulga os candidatos, enquanto que os demais terão apenas o curto período de horário eleitoral gratuito.
Na disputa para o governo, o ex-governador André Puccinelli (MDB) liderou uma caravana do partido por municípios de Mato Grosso do Sul, sendo o grand finale no dia 19 de maio, com evento em Campo Grande. Em busca da reeleição, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB), além das agendas do cargo, viaja pelo Estado em fóruns regionais dos tucanos.
Na primeira disputa eleitoral, o juiz aposentado Odilon de Oliveira (PDT) também percorre Mato Grosso do Sul e aproveita as redes sociais para divulgar viagens pelo Estado, parabenizar cidades em aniversário e divulgar ações de antes de deixar a magistratura, como no post em que informa ter recuperado R$ 2 bilhões do crime organizado, sem explicar, no entanto, que destinou foi dado ao dinheiro.
Nos três casos, postagens no Facebook anunciam quase que diariamente que os pré-candidatos estarão em entrevistas nas rádios. Além de vídeos produzidos, indicativo de que é mais negócio investir dinheiro na pré-campanha.
Concorrente ao Senado, o empresário Francisco Maia (Podemos) já apareceu em outdoor com foto para oferecer palestra e, agora, usa a visibilidade dos painéis para cantarolar “Maia aqui, Maia acolá”, num resgate de jingle de sua campanha para vereador na década de 80.
Na disputa para senador, o procurador licenciado Sérgio Harfouche (PSC) aparece pela cidade em outdoor convidando para programa na televisão. Também na lista dos pré-candidatos a Senado, o ex-secretário Ednei Marcelo Miglioli (PSDB) percorreu 30 dos 79 municípios divulgando os feitos na Seinfra (Secretaria Estadual de Infraestrutura).
A primeira data significativa de controle das eleições será em 30 de junho. A partir de então, fica vedado às emissoras de rádio e de televisão transmitir programa apresentado ou comentado por pré-candidato.
No dia 16 de agosto, será permitida a propaganda dos candidatos. O horário gratuito no radio e na televisão começa em 31 de agosto. O Campo Grande News não conseguiu contato com o TRE/MS (Tribunal Regional Eleitoral) nesta terça-feira (dia 19).
De acordo com o advogado Valeriano Fontoura, os gastos da pré-campanha devem ser suportados pelos partidos e declarados à Justiça Eleitoral. Quando a candidatura for formalizada, os valores serão lançados na contabilidade do candidato, que se torna uma “pessoa jurídica”.
Ao término do período eleitoral, as despesas de pré-campanha e campanha são somadas e devem ficar dentro do teto de gastos. “Se não, pode caracterizar abuso de poder econômico”, afirma.