MDB confirma Simone Tebet como candidata à Presidência
De forma virtual, partido deu aval para candidatura própria encabeçada pela senadora sul-mato-grossense
Seguindo a temporada das convenções partidárias nacionais para as eleições de 2022, o MDB se reuniu de forma virtual com correligionários de todo o Brasil nesta quarta-feira (27) e confirmou o nome da senadora sul-mato-grossense, Simone Tebet, como candidata à Presidência da República. A decisão foi tomada com 97% dos votos favoráveis dos delegados do partido, sendo 262 'sim' e apenas 9 'não'.
"Hoje eu sou candidata à Presidência da República pelo MDB, PSDB e Cidadania, pelo campo democrático e como candidata, coloco neste momento, minha vida a favor do Brasil, da democracia e do povo brasileiro, minha responsabilidade é imensa. Tenho certeza que juntos poderemos ganhar essa disputa", afirmou Simone Tebet após a confirmação de seu nome como candidata.
A senadora é a candidata que encabeçará a chamada "terceira via”, como alternativa ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao atual presidente Jair Bolsonaro (PL). No inicio do ano, o ex-juiz Sergio Moro (então pré-candidato do Podemos; atualmente no União Brasil), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), Eduardo Leite e João Dória (ambos PSDB), até tentaram, mas não conseguiram emplacar as pré-candidaturas.
‘’O que diferencia a Simone dos demais candidatos é a vontade de querer discutir o País. Sabemos que o Brasil tem problemas reais e nós temos a obrigação de apresentar soluções para esses problemas, sem ficar com brigas ideológicas que não acrescentam em absolutamente nada, pelo contrário, aumenta a violência, o ódio e desune as famílias. Chegamos a um momento em que o Brasil precisa de paz no campo, na cidade, em grupos de whatsapp e nas escolas”, enumerou o presidente nacional da sigla, Baleia Rossi, durante a convenção.
A candidatura da sul-mato-grossense conta com apoio da federação partidária PSDB-Cidadania. Os dois partidos também participaram da convecção do MDB que validou o nome da senadora. A aliança foi construída com o compromisso de que o PSDB seria o responsável por indicar um nome para ocupar a vaga de candidato à vice-presidente na chapa.
De início, a indicação seria feita na convenção emedebista, porém, os tucanos decidiram adiar a decisão. Segundo Bruno Araújo, presidente nacional do PSDB, o nome que ocupará a vice será definido o mais breve possível e de forma democrática entre os tucanos.
"Há um consenso de que essa vaga tem um espaço prioritário por parte do senador Tasso. Não há uma posição conclusiva ainda nesse diálogo entre o senador Tasso e a senadora Simone", frisou Araújo. Além do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), o nome da senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), é cotado para ocupar a vice.
Apesar da escolha do partido em lançar candidatura própria, o nome da congressista não foi unanimidade entre membros do partido. Integrantes do partido de 11 unidades da Federação declararam apoio ao ex-presidente Lula (PT) ao Palácio do Planalto ainda no 1º turno. Depois disso, dirigentes do MDB em 19 Estados ratificaram o apoio à pré-candidatura de Simone Tebet. Uma ala de emedebistas, liderada pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), chegou a pedir a intervenção do STF (Supremo Tribunal Federal) na tentativa de adiar a data da convenção para 5 de agosto, porém o pedido não foi atendido.
Formato virtual – O encontro para definição do nome de Simone Tebet como candidata à presidência, que reuniu correligionários de todo ao Brasil, aconteceu de forma virtual e gerou incomodo em uma ala do MDB. O argumento é de que a plataforma Zoom, utilizada no evento, não garante o sigilo da votação.
Segundo o MDB, o partido contratou empresa especializada para assegurar o sigilo dos votos durante a convenção e que o formato virtual foi escolhido para economizar recursos. “O formato virtual visa economizar cerca de R$ 3 milhões, recursos que serão usados para a eleição de deputados e senadores. Em 2018, a Convenção Nacional que lançou Henrique Meirelles custou R$ 1,8 milhão. Naquela oportunidade, uma ala do partido apresentou, democraticamente, voto contrário à candidatura de Meirelles. A Convenção Nacional é o evento político-partidário que expressa de forma plena a democracia interna dos partidos políticos”, afirmou a sigla em nota.
Convenção partidária - As convenções nacionais são o último passo para a confirmação de um candidato. O calendário estabelecido pela Justiça Eleitoral prevê o período entre 20 de julho e 5 de agosto para a realização desse tipo de reunião. Após a convenção, ata da reunião com a votação é encaminhada ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Com a confirmação de Simone Tebet pelo MDB, 6 dos 12 pré-candidatos colocados à Presidência da República já tiveram suas candidaturas validadas em convenções partidárias. Antes da sul-mato-grossense, já haviam sido confirmados os nomes do ex-ministro e ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT), do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do presidente atual presidente Jair Bolsonaro (PL),do deputado federal André Janones (Avante) e de Léo Péricles (UP), que fará sua estreia em eleições nacionais.
Vale ressaltar que a oficialização dos nomes, não permite que os candidatos peçam voto imediatamente. Isso só poderá ser feito a partir de 16 de agosto, quando começa o período de propaganda eleitoral.
Quem é Simone Tebet? - Nascida em Três Lagoas (MS), Simone Tebet tem 52 anos e é filha de Ramez Tebet, que ocupou os cargos de governador e senador em Mato Grosso do Sul, e também foi ministro da Integração Nacional no mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Mestre em direito do Estado, Tebet é professora universitária e se filiou ao MDB em 1997.
Em 2001 foi eleita deputada estadual em Mato Grosso do Sul com mais de 25 mil votos. Nas eleições de 2004 foi eleita prefeita de Três Lagoas, terceira cidade mais populosa do Estado, sendo primeira mulher a ocupar o cargo. Em 2008 foi reeleita ao cargo com 76,8% dos votos válidos.
Em 2011, foi eleita vice-governadora de Mato Grosso do Sul ao lado de André Puccinelli. Em 2013 foi indicada ao cargo de Secretária de Governo. Em 2014, disputou uma cadeira ao Senado e foi eleita com 640.336 votos para o mandato que se encerra em 2023.
No Senado, em 2016, Simone fez parte da comissão especial que resultou no impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT). Tebet votou a favor do afastamento da presidenta.
Em 2019, foi a primeira mulher eleita para ocupar a presidência da (CCJ) Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Em 2021, foi eleita como líder da bancada feminina do parlamento.
Ainda em 2021, Simone integrou a comissão parlamentar de inquérito (CPI) da covid, onde ganhou destaque nacional. A comissão tinha como objetivo investigar ações e omissões do governo federal no combate à pandemia. No mesmo ano, a senadora se candidatou à presidência do Senado, mas acabou derrotada pelo senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).