Movimento no CMO diz que só sai se alto escalão do Exército mandar
Como o Natal, muitos já se prepararam para passar Réveillon na Duque de Caxias, mas fogem do assunto "posse"
A disposição dos manifestantes que há 62 dias estão acampados em frente ao CMO (Comando Militar do Oeste) é grande. Tem gente dizendo que vai “ficar até a Páscoa, se for preciso”. Contra a posse do presidente eleito, uns esperam a “justiça divina contra Lula”, enquanto outros falam em uma medida mais prática.
“A ordem é do Exército. A gente só sai daqui se vier alguém do Exército e mandar sair. Mas não pode ser uma pessoa qualquer. Tem de ser um comandante geral, que se identificar”, avisa um dos participantes que, como todos os outros durante as entrevistas (todas gravadas), não falam o nome, nem profissão.
Apesar do discurso de despedida do presidente Jair Bolsonaro na manhã desta sexta-feira (30) e do embarque dele, rumo aos Estados Unidos, para as festas de fim de ano, quem ficou no canteiro da Avenida Duque de Caxias garante que nada mudou.
“Nós temos uma missão. A gente não está aqui pelo Bolsonaro, nós estamos aqui pelo País”, afirma o homem todo de verde e amarelo, com a bandeira do Brasil nas mãos. “Não tem nada relacionado mais ao Bolsonaro. Esse movimento é espontâneo. O que a gente contesta é o resultado das eleições. Nós fomos roubados”, reforça uma das mulheres.
Sobre a posse de Lula, marcada para domingo (1º), a maioria desvia do assunto. Apenas uma das manifestantes comenta e acredita em tranquilidade. “Não vai acontecer nada de violento. Vai dar tudo certo”, avalia.
O Réveillon será no acampamento, garante a maioria, com cada um levando um prato especial e até “uma vaca gorda chegando por ai”, avisa um senhor. Do Natal, ficaram enfeiteis, pequenas árvores de Natal e um estoque de frutas em caixotes.
Os espaços vazios nos metros antes ocupados, mostram que alguns já desistiram. Em outro ponto, dois banheiros químicos também serão entregues. Mas apenas duas pessoas admitem que o número de manifestantes caiu. “Desmontaram essa semana agora”, garante uma mulher que parece ter entre 30 e 35 anos. “Diminuiu um pouco”, concorda a parceira de luta. "Ali tinha barraca e não tem mais, mas daqui para frente continua como sempre", comenta outro rapaz.
Mas as pessoas no ponto mais ocupado, bem perto da portaria do CMO, contabiliza números iguais aos do início do protesto. A explicação para os vazios, ao longo do canteiro, com restos do que parecem fogueiras, é que as barracas dali foram transferidas para a frente do CMO. “Por questão de segurança. Tem povo que passa xingando”, argumenta um homem que hoje está na primeira barraca do local.”
Vindo direto de Pelotas (RS), o gaúcho que também não quer se identificar, é um reforço que chegou em Campo Grande para passar as festas com parentes daqui. Mas já pegou a bandeira do Brasil e se enturmou na Duque de Caxias. “Vim correndo para o movimento, sou patriota”, justifica.