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Reportagens Especiais

No ano em que Brasil elegeu Lula, MS fechou estrada e se mobilizou contra PT

De olho no retrovisor, as notícias ao longo de 2022 deixam claro a preferência pelo presidente que se despede

Aline dos Santos | 26/12/2022 09:05
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade
Presidente Jair Bolsonaro durante entrega de residencial em Campo Grande. (Foto: Marcos Maluf)
Presidente Jair Bolsonaro durante entrega de residencial em Campo Grande. (Foto: Marcos Maluf)

Computados os votos de todo o Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu o segundo turno das eleições 2022 com 50,9%, contra resultado de 49,1% de Jair Bolsonaro (PL). Mas, se esse resultado dependesse apenas de Mato Grosso do Sul, o segundo colocado levaria a presidência do País com folga. No Estado, o candidato do PL conquistou 59,49% dos votos válidos, enquanto o petista teve 40,51%.

De olho no retrovisor, as notícias ao longo de 2022 deixam claro a preferência pelo presidente que se despede do cargo. Numa linha do tempo, os ápices foram nos meses de junho, setembro, outubro, novembro e dezembro.

Os momentos incluem a passagem por Campo Grande, pedido de votos para o candidato Renan Contar (PRTB), os bloqueios das rodovias após a eleição, o acampamento há quase dois meses em frente ao Exército, além do fato de MS ser o segundo Estado com mais mandados de busca e apreensão na operação do STF (Supremo Tribunal Federal) contra os protestos pelo resultado das urnas.

No dia 30 de junho, Bolsonaro fez a quinta visita oficial a Mato Grosso do Sul. O presidente entregou residencial de 300 apartamentos no Jardim Canguru, em Campo Grande. Ainda não era campanha oficial, mas, como sempre, o mandatário foi seguido por uma multidão. Seja no desembarque na Base Aérea, seja na motociata pelas ruas da Capital.

Nesta data, o Campo Grande News mostrou a expectativa esperançosa do vendedor ambulante Hélio Fagundes, 63 anos, que acordou cedo e levou a banca de garapa para a frente do residencial a ser inaugurado pelo presidente. Bolsonaro atendeu ao chamado do cartaz com convite para tomar a bebida e realizou o sonho do vendedor.

À reportagem, Hélio contou que foi caminhoneiro por quatro décadas, mas teve que abandonar a profissão diante de seguidos aumentos no preço do diesel. Em 30 de setembro, a poucos dias do primeiro turno, Bolsonaro, durante debate presidencial, conclamou que seus apoiadores votassem em Contar, que disputava o governo de Mato Grosso do Sul. Abertas as urnas em 2 de outubro, o candidato passou em primeiro para o segundo turno.

Durante essa segunda fase do processo eleitoral, o sul-mato-grossense foi bombardeado com exibições massivas de vídeos de Bolsonaro no horário eleitoral. Contar exibia a gravação antiga, enquanto Eduardo Riedel (PSDB), que se elegeu governador de MS, mostrava o vídeo em que o presidente assegurava neutralidade. A guerra de imagens foi um termômetro da ascendência de Bolsonaro sobre o eleitorado no Estado.

Já em 30 de outubro, quando Lula foi eleito para o terceiro mandato, a reação foi rápida em Mato Grosso do Sul. Na segunda-feira, dia seguinte ao pleito, várias rodovias amanheceram bloqueadas no Estado.

Das mobilizações nas estradas, a cena mais impressionante veio de Dourados, quando em 18 de novembro um veículo pegou fogo ao furar o bloqueio no Trevo da Bandeira, entre as rodovias 163 e 463.

Também desde o fim da eleição, especificamente a data de 31 de outubro, manifestantes descontentes com o resultado da eleição protestam em frente ao CMO (Comando Militar do Oeste), na Avenida Duque de Caxias, em Campo Grande. O movimento começou com 200 pessoas numa tarde chuvosa e ao som do Hino Nacional.

Ao longo de novembro, a manifestação foi se encorpando. No dia primeiro, a reportagem mostrou a expansão do movimento. O acampamento tinha banheiros químicos, tendas, gerador de energia, três refeições diárias e guindaste para hastear a bandeira do Brasil. No feriado de finados, nem o frio atípico para 2 de novembro desarticulou a manifestação. Desde então, o grupo enfrenta chuva e sol em frente ao quartel do Exército.

Manifestação pró-Bolsonaro em Campo Grande no feriado de 2 de novembro. (Foto: Paulo Francis)
Manifestação pró-Bolsonaro em Campo Grande no feriado de 2 de novembro. (Foto: Paulo Francis)

No último dia 12, mesmo com a diplomação de Lula pela Justiça Eleitoral, os manifestantes garantiram que nada muda e seguem com a expectativa de que os militares entrem em ação. A esperança é a revisão da votação, mesmo sem prova de irregularidade no sistema eleitoral.

Já no dia 15 de dezembro, a PF (Polícia Federal) cumpriu 17 mandados em Mato Grosso do Sul contra líderes dos protestos. A operação foi autorizada por Alexandres de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal.

Na lista do STF, estão o vice-presidente do Sindicato Rural de São Gabriel do Oeste, o ruralista Renê Miranda Alves; a ex-assessora parlamentar Juliana Gaioso; o ex-prefeito de Costa Rica Waldeli Rosa (MDB); a médica Sirlei Ratier e a empresária Kathy Chrestani.

Lula e Bolsonaro disputaram segundo turno da eleição para presidente do Brasil.
Lula e Bolsonaro disputaram segundo turno da eleição para presidente do Brasil.

Bolsonaristas x lulistas – No segundo turno, Paraíso das Águas foi a cidade mais bolsonarista de Mato Grosso do Sul, com 72,19% para Jair Bolsonaro. O município é o mais novo do Estado. Lá, a média de remuneração da população é de três salários-mínimos.

As urnas mostraram que Japorã foi o município sul-mato-grossense mais lulista. O candidato do PT recebeu 71,52% dos votos. Conforme o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a média de remuneração na cidade é de 2,1 salários-mínimos.

Japorã é a última colocada no ranking de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) entre os municípios sul-mato-grossenses. Lula não visitou Mato Grosso do Sul neste ano.


Confira a galeria de imagens:

  • Bolsonaro em Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)
  • Helio mostra cartaz com convite para presidente. (Foto: Henrique Kawaminami)
  • Bloqueio na BR-163 em 1º de novembro. (Foto: Henrique Kawaminami)
  • Manifestação em frente ao CMO em 2 de novembro. (Foto: Paulo Francis)
  • Movimentação em frente ao Exército em 7 de novembro. (Foto: Marcos Maluf)
  • Oração em frente ao CMO no dia 3 de dezembro. (Foto: Alex Machado)
  • Acampamento em frente ao CMO no dia 12 de dezembro. (Foto: Kísie Ainoã)
  • Bandeira do Brasil em acampamento pró-Bolsonaro. (Foto: Kísie Ainoã)
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