Nanicos na estrutura, candidatos de partidos pequenos têm agendas magras
Antes de começar o jogo eleitoral eles admitem abertamente que têm estruturas inferiores aos concorrentes. Ao longo da corrida cobram escanteio e correm para cabecear, já que precisam conciliar a atividade profissional com a campanha. O resultado são agendas magras em comparação aos concorrentes de partidos maiores.
A diferença para os candidatos Suél Ferranti (PSTU) e Sidney Melo (PSOL) é que eles não fazem parte de partidos tradicionais, suas legendas não possuem políticos com mandatos em Campo Grande e, assim, fica difícil aglutinar apoio para promover grandes movimentações.
Enquanto seus concorrentes, sobretudo os que aparecem mais bem colocados na disputa pelas pesquisas até agora, divulgam agendas de campanha apertadas, com compromissos marcados para os três períodos do dia, eles aparecem de forma bem mais modesta.
Na última segunda-feira, por exemplo, Melo informou ter como agenda compromissos profissionais de manhã e à tarde. À noite, reuniões com candidatos a vereador do partido. No período da manhã e tarde daquele dia, Suél visitou bases políticas e promoveu panfletagem à noite.
O candidato do PP, Alcides Bernal, por exemplo, visitou comerciantes e empresários voluntários de campanha às 7h30, gravou programa eleitoral às 13 horas e fez nova reunião com voluntários às 19 horas.
O peemedebista Edson Giroto concedeu entrevista a uma rádio às 7h20 e, ainda no período da manhã, gravou programa eleitoral e promoveu caminhada; na tarde de segunda participou de reunião com equipe de campanha e de nova caminhada; à noite fez reuniões políticas em bairros.
A motivação em disputar uma eleição em condições bastante inferiores, situação reconhecida pelos próprios, é explicada de diversas formas.
“Há mais de duas décadas a cidade vive o mesmo modelo de administração e temos problemas em todos os setores. Queremos promover aos eleitores a reflexão”, explica o candidato Sidney Melo, que disputa pela primeira vez a Prefeitura.
“A campanha dos adversários tem tempos de televisão maiores, estruturas melhores, mas é uma ilusão, porque o que convence no momento vai custar um preço caro nos próximos quatro anos”, complementa.
Suél, que compete pela terceira vez à Prefeitura da Capital e o maior desempenho que obteve foi cerca de 5 mil votos, comemora a possibilidade de difundir os princípios do socialismo em seu discurso.
“As pessoas te reconhecem, pedem adesivos, querem ouvir as propostas. A maioria da população está percebendo que não dá para cair em promessa. Como acreditar que se dois médicos que administraram a cidade não conseguiram resolver a saúde um engenheiro vai resolver?”, criticou.
Para ele, PSTU e PSOL, que chegaram a sinalizar chapa única para a disputa, mas que não teve consenso, devem somar cerca de 20 mil votos nas eleições deste ano e surpreender muita gente. “Para uma cidade do latifúndio, do agronegócio”, ironizou.
Em relação ao segundo turno, Suél e Sidney mostram descrença. “Não dá para dizer quem vamos apoiar, pois o Giroto não dá e se o outro candidato for quem participou desta administração por décadas e sempre disse amém, também não posso subir no palanque dele”.
“O PSTU deve defender o voto nulo no segundo turno”, resumiu Suél para defender que não tem afinidade com os possíveis candidatos num segundo turno.