Nelsinho aposta em união e aponta cenário embaralhado em eleição do Senado
Disputas regionais entre 'caciques' podem influenciar também a posição na corrida pela cadeira principal
Nomes para concorrer nas eleições para a presidência do Senado é o que não faltam. O pleito acontece apenas em fevereiro de 2021 mas, desde já, movimenta os bastidores da política nacional. As negociações passam desde conversas entre parlamentares até líderes partidários, prefeitos de grandes cidades e governadores.
Mato Grosso do Sul, que vem ganhando ano a ano maior destaque nas questões políticas nacionais, conta atualmente com dois nomes na lista de prováveis concorrentes: a emedebista Simone Tebet e o peessedista Nelson Trad Filho.
Nelsinho, como Trad Filho é popularmente chamado, está no partido com a segunda maior bancada - 12 senadores - na Casa, enquanto o Simone está na sigla com o maior número de integrantes do Senado, 15 parlamentares. Contudo, ainda é cedo para apontar, de lá e de cá, favoritos para ocupar a presidência do Senado.
"A situação ainda está embaralhada e ainda é muito cedo para apontar algo. Deve haver uma maior definição desse cenário a partir de meados de fevereiro do ano que vem. Mas pelo que vem se desenhando, o próximo presidente do Senado deve sair em uma eleição apertada e em segundo turno", opina Nelsinho.
Trad Filho ainda destaca que é uma tradição - apesar de haver exceções - que o posto máximo fique com o partido com maior bancada, mas também é costumeiro a presidência não vá para as mãos do mesmo partido que está na liderança da Câmara.
"Ocorre hoje que no MDB há uma divisão muito grande. São cinco pré-candidatos. Além da Simone tem também o Eduardo Braga, o Eduardo Gomes, o Fernando Bezerra. No PSD estamos nos organizando para ter unidade, pois quem conseguir se unir em torno de mais senadores em seu partido vai sair na frente", explica Nelsinho.
O senador e ex-prefeito de Campo Grande também revela que, em 2021, a eleição para o Senado terá uma relação estreita com o que ocorrer na Câmara dos Deputados. "Temos que ficar antenados nas duas casas para mexer as pedras certas".
Influência externa - Além das negociações entre os parlamentares do Senado e da Câmara, há ainda a influência externa da presidência da República, lideranças partidárias, governadores e prefeitos que despontam como nomes em plena ascensão na política nacional, ganhando importância na discussão.
"O plano nacional interfere. Por exemplo, um prefeito de uma grande cidade que pretende disputar o governo do seu Estado, não vai querer que seu partido apoie para a liderança do parlamento alguém que possa a vir ser seu adversário em 2022", diz Trad.
Por ora, as conversas seguem buscando caminhos para consolidar candidaturas. "Falei com o Otto [Alencar, senador pela Bahia e líder do PSD na Casa] e chegamos ao consenso que o caminho a seguir é o da unidade. Se a gente unir os 12 senadores, dificilmente a mesa deixa de passar pelo PSD", comenta Nelsinho sobre as pretensões do partido.
Ele frisa que, caso não consiga a presidência do Senado com tal estratégia, ao menos a secretaria-geral - equivalente à 1ª secretaria da Câmara Municipal de Campo Grande e da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul - deve ficar sob a batuta do peessedista.
"Mas está muito cedo para a gente afirma isso ou aquilo. Agora é hora de promover a união do PSD. Temos que marcar posição. Meu nome apareceu nessa lista de pré-candidatos por ser mais conciliador e ótimo desempenho na comissão de relações exteriores. Tenho o perfil que o Senado precisa: experiente e firme", advoga em seu favor Nelsinho.
Fevereiro de 2021 - A escolha dos novos líderes-mor do parlamento ocorrerá em fevereiro de 2021, quando Senado e Câmara Federal contarão com novos presidentes, já que o STF (Supremo Tribunal Federal) mais uma vez deu novos rumos à política e impediu a reeleição de, respectivamente, Davi Alcolumbre (DEM-AP) e Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Assim, uma pulverização de nomes surgiu, com vários pretensos presidentes do Senado, com ao menos nove nomes interessados. Daí, vem a ideia de Trad de que o pleito deve ser decidido apenas em segundo turno - que no caso acontece já na sequência do primeiro, no mesmo dia, exigindo habilidade dos negociadores.
Nomes como Sérgio Olímpio, conhecido como Major Olímpio (PSL-SP), Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Jorge Kajuru (Cidadania-GO) figuram ao lado de Simone e Nelson Trad. Contudo, lista recente divulgada pelo site Poder360 mostra que os candidatos com maior chance são os emedebistas Eduardo Braga (AM) e Eduardo Gomes (TO).