Para evitar vetos, deputados estaduais levam pautas direto para o governo
Em alguns casos, os deputados preferem enviar indicações do que apresentar projetos de lei
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Para evitar vetos, os deputados ao invés de apresentar projetos sobre alguns temas na Assembleia, preferem fazer a indicação direta ao governo estadual, que após este pedido analisa melhor o assunto, podendo ele enviar uma proposta ao legislativo ou definir a questão por meio de decreto.
Esta estratégia está sendo usada pelos deputados, depois que muitos projetos que tinham “vício de competência” estavam sendo arquivados na CCJR (Comissão de Constituição, Justiça e Redação), ou até aprovados, mas depois vetados pelo governo estadual.
O deputado Márcio Fernandes (MDB) preferiu, por exemplo, fazer uma indicação ao governo para que reduzisse o ICMS de carros elétricos de 17% para 12%, ao invés de propor esta desoneração por meio de lei. O assunto foi avaliado pela equipe do governo, que publicou a diminuição de imposto em decreto.
O presidente da Assembleia, o deputado Paulo Corrêa (PSDB), propôs um estudo do Zoneamento Ecológico-Econômico para a região da Serra de Bodoquena, para que seja avaliado o potencial econômico do local, assim como todos os cuidados ambientais.
Ao invés de projeto de lei, preferiu encaminhar um documento sobre o tema ao governador Reinaldo Azambuja (PSDB), assim como ao secretário estadual de Meio Ambiente e Produção, Jaime Verruck. Um estudo e um mapeamento como este só poderia ser proposto pelo executivo, já que vai gerar despesas aos cofres públicos.
Indicações - O deputado Gerson Claro (PP) seguiu o mesmo caminho, ao propor ao governo que conceda gratuidade na primeira escritura, título e registro de imóveis rurais a quem veio da reforma agrária, já que segundo ele, muitos não têm condições financeiras de regularizar os lotes. Ele fez este pedido por indicação e não projeto.
Já Zé Teixeira (DEM) solicitou novos incentivos fiscais para o setor de psicultura em Dourados, também por meio de uma indicação, já que tal benefício não poderia ser proposto pelo legislativo, já que seria uma “renúncia de receita”.
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Impasse – Estes cuidados dos deputados segue uma posição mais enfática dos integrantes da CCJR (Comissão de Constituição, Justiça e Redação), de votar contra e até arquivar projetos que sejam considerados inconstitucionais, tendo na maioria dos casos, a justificativa que os deputados não têm “competência” para propor.
A justificativa é que estas matérias podem até ser aprovadas, mas depois devem ser vetadas pelo governo. “Melhor evitar o constrangimento”, adiantou José Carlos Barbosa (DEM), líder do governo e membro da CCJR. Por esta razão, alguns assuntos estão sendo direcionados como indicações, requerimentos ou documentos ao governo.