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Política

Para políticos, condenação de Lula terá desdobramentos jurídicos e eleitorais

Vereador que participou de protestos contra Dilma Rousseff reforça fortalecimento e independência das instituições; Zeca do PT afirma que sentença pode fortalecer o ex-presidente

Humberto Marques | 24/01/2018 18:29
Lula, em discurso no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC: ex-presidente teve pena aumentada. (Foto: Edu Guimarães/Divulgação)
Lula, em discurso no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC: ex-presidente teve pena aumentada. (Foto: Edu Guimarães/Divulgação)

A manutenção da condenação do ex-presidente Lula pela Justiça Federal, com o aumento para 12 anos e um mês da pena de prisão, terá desdobramentos no campo jurídico e eleitoral. A avaliação parte de integrantes de grupos aliados e contrários ao petista, ao comentarem a decisão expedida na tarde desta quarta-feira (24) pela 8ª Turma do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região).

Lula viu os desembargadores federais decidirem, por unanimidade, por manter condenação expedida pelo juiz Sérgio Moro em 2017, apontando-o como beneficiário do esquema de corrupção investigado na Operação Lava Jato –por meio do recebimento de um triplex no Guarujá (SP). Na segunda instância, o petista ainda viu a pena ser elevada de pouco mais de 9 anos de prisão para 12 anos e um mês. Ainda cabem recursos.

A manutenção dos argumentos apresentados pelo MPF (Ministério Público Federal) contra o ex-presidente foi um dos pontos salientados pelo vereador Vinicius Siqueira (DEM). Para ele, o acórdão a ser expedido pelo TRF-4 fortalece as instituições do Poder Judiciário.

“Ministério Público e Judiciário foram independentes, e assim funcionaram mesmo diante de pressões políticas. Isso é fundamental para a democracia funcionar”, destacou Siqueira, reforçando ser esta uma “data importante” para o país.

Participante dos movimentos que pediam o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o vereador afirma que a condenação de Lula é mais um aspecto de uma iminente melhora do país. “Em relação a todas as prisões e condenações, são um sinal de que o Brasil tem melhorado e tem jeito”, destacou, apontando que esse movimento tende a avançar pelo país.

Surpresa – O deputado federal Zeca do PT, por sua vez, admitiu “surpresa” com a decisão do TRF-4, uma vez que os aliados de Lula consideraram fortes os argumentos da defesa –de que não há elemento concreto de prova no processo, baseado apenas “em suposições e convicções”. Segundo ele, o PT se reúne nesta quinta-feira (25) para avaliar as alternativas jurídicas e políticas para o PT e o ex-presidente.

Segundo Zeca, a inelegibilidade do presidente –condenado por um colegiado do Judiciário, o que tecnicamente suspende seus direitos políticos– ainda pode ser contestada. “Estive ouvindo vários juristas e, segundo eles, cabe um conjunto de recursos que poderia permitir uma candidatura”, destacou. Até aqui, Lula lidera a preferência do eleitorado em todas as pesquisas de intenção de voto para a Presidência da República nas quais figura.

O deputado federal acredita, inclusive, que a condenação poderá reforçar a imagem de Lula perante o eleitor. “Pode aumentar o poder de interferência dele no voto das pessoas. Recentemente, a Folha de S. Paulo fez uma pesquisa, quando havia expectativa de absolvição, sobre em quem os eleitores votariam se ele [Lula] não fosse candidato. E 30% dos eleitores disseram votar em quem ele indicar”, explicou. “Ele é um nome muito forte, os setores mais conservadores do país sabem de sua força política. Mas essa é uma decisão que ainda será avaliada”.

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