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Política

Parentes e amigos de vereador morto lotam fórum e acusam prefeito

Ricardo Campos Jr. e João Humberto | 14/12/2010 15:37

Cerca de 60 pessoas foram ao local acompanhar depoimentos

Envolvidos na morte do vereador e testemunhas prestarão depoimentos em juízo
Envolvidos na morte do vereador e testemunhas prestarão depoimentos em juízo

Um grupo de cerca de 60 pessoas, entre parentes e amigos do vereador de Alcinópolis, Carlos Antônio Carneiro, morto em Campo Grande no último dia 26 de outubro, acompanham a primeira audiência sobre o caso no Fórum de Campo Grande.

Todos foram ao local vestidos com camisetas brancas, com a foto de Carlos estampada e a palavra “saudades” gravada na parte de trás. Oito pessoas devem prestar depoimento em juízo como testemunhas de acusação, audiência acompanhada pelos 3 acusados de envolvimento no crime: Ireneu Maciel, 37 anos, preso em flagrante junto com Aparecido Sousa Fernandes, 34 anos, no dia do crime. Também já está preso Valdemir Valsan, 43 anos, cunhado de Ireneu, acusado de ser intermediador da execução.

A família espera que o nome da pessoa que encomendou a execução seja revelado hoje. “Tenho fé em Deus que essa pessoa será conhecida hoje”, disse o irmão do vereador Helder Costa Carneiro.

Suspeitas - A família aponta o prefeito de Alcinópolis, Manuel Nunes da Silva (PR), como principal suspeito de ser o mandante do crime. O vice-prefeito Alcino Carneiro, pai do vereador assassinado, disse que apesar de não ter provas para acusar Silva acredita que tenha sido ele a encomendar a morte do filho por motivos políticos.

Alcino disse ainda que dos nove vereadores da cidade, seu filho, Isabel Souza Silveira (PMDB) e mais três parlamentares atuavam como oposição ao prefeito. Após a morte de Carlos, um vereador da situação assumiu a cadeira na Câmara e, desde então, a vereadora peemedebista passou a ser ameaçada, sendo seguida recentemente durante viagem.

“Mataram meu filho que era da oposição e um da situação assumiu o lugar dele. Agora outra vereadora vem sendo ameaçada. Ou seja, o prefeito quer ter todos os vereadores do lado dele. Se essa situação não for resolvida logo vai ter mais morte em Alcinópolis”, afirmou Alcino Carneiro.

Parentes e amigos de vereador morto lotam fórum e acusam prefeito

Alcino disse ainda que ele mesmo sofreu ameaças e conta que em certa ocasião, enquanto dirigia pela estrada a caminho da fazenda, dois motociclistas emparelharam com a caminhonete dele e permaneceram desta forma durante boa parte do trajeto, mas em determinado ponto aceleraram e foram embora. O vice-prefeito fala que esta pode ter sido uma forma de coagi-lo.

Helder Carneiro, irmão do vereador assassinado, também aponta o prefeito como suspeito pela morte. Segundo ele, Silva chegou a demonstrar desafeto pelo vereador antes mesmo de assumir a prefeitura de Alcinópolis.

Evidência - Uma prova apresentada pela acusação é requisição de passagem emitida pela prefeitura de Alcinópolis em nome de Ireneu, de 1 de outubro, de Coxim para Alcinópolis.

Alcino Carneiro relatou, a respeito do documento, que chegou a ser procurado por Ireneu no dia 1° de outubro, mas negou ter emitido tal documento para ele. Alcino disse ainda não saber porque o pistoleiro o procurou em casa.

Família de vereador acompanha audiência. (João Garrigó)
Família de vereador acompanha audiência. (João Garrigó)

O prefeito Manuel da Silva (PR) nega que estava ameaçando a vítima e teria conhecimento de supostas denúncias contra Silva que seriam apresentadas pelo vereador em Campo Grande. "Não sabia que ele ia e, principalmente, não tinha conhecimento de dossiê".

Os documentos foram apreendidos e estão com a Polícia Civil. Uma das acusações seria de que o prefeito teria adulterado o orçamento da cidade para não precisar pedir suplementação de verbas à Câmara, onde enfrenta uma forte oposição. "Não precisamos de suplementação orçamentária", refuta Manuel.

O prefeito também negou alegação de Alcino de ameaças contra um comerciante de Coxim, identificado apenas como Ivo, que teria negócios com a prefeitura e diz que Ivo, cujo sobrenome disse não se lembrar, é dono de uma retífica e é apenas um fornecedor do Município.

O prefeito diz que não tinha problemas pessoais com o vereador e que as diferenças entre eles eram políticas e fazem parte da democracia. Sobre a investigação, diz estar tranquilo. "Eu não não tenho preocupação, graças a Deus".

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