PF investiga Waldir Neves após “assombrosa” valorização de fazendas no Maranhão
Avaliação dos imóveis rurais passou de R$ 347 mil para R$ 6 milhões, aponta força-tarefa
Afastado do TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado) e monitorado por tornozeleira eletrônica, o conselheiro Waldir Neves também é investigado na operação “Terceirização de Ouro” por suspeita de lavagem de dinheiro. O alerta veio após a identificação de “assombrosa” valorização de suas fazendas no Maranhão, que passaram de R$ 347 mil para R$ 6,6 milhões, diferença de 1.798%.
A ação foi realizada pela PF (Polícia Federal) no último dia 8, num desdobramento da “Mineração de Ouro”, etapa deflagrada em 8 de junho de 2021. O material apreendido no ano passado subsidia a suspeita de lavagem de dinheiro, “tendo em vista a grande diferença no preço das áreas rurais após cerca de 10 anos”. Os “achados” foram levados ao o STJ (Superior Tribunal de Justiça), que autorizou a segunda fase da ação que investiga crimes.
Conforme relatório da CGU (Controladoria-Geral da União), Waldir Neves declarou ter adquirido imóveis rurais no Maranhão ao preço total de R$ 347.644,34, no período entre 2009 e 2013. Atualmente, valem R$ 6.600.000,00. O montante corresponde a 2.200 hectares.
“Constata-se, assim, uma assombrosa valorização das terras, o que pode ter sido obtido a partir de vultosos investimentos nas áreas, agregando valor à propriedade rural”, informa a CGU.
Contudo, documentos apreendidos demonstram que a compra de parte das áreas ocorreu a partir de 2009 por valores extremamente inferiores, apontando a possibilidade de lavagem de dinheiro.
Em junho de 2021, as fazenda WN 3 e WN 4 eram vendidas por R$ 2 milhões. Os imóveis rurais foram comprados em 2013 por R$ 101.300.
A área somada de todas as fazendas totaliza 6.362 hectares e o preço de venda em 2018 era de aproximadamente R$ 15,6 milhões.
O ministro Francisco Falcão autorizou o afastamento do sigilo fiscal de todos os imóveis relacionados nas declarações de Imposto de Renda de Waldir Neves no período entre 2009 e 2022.
A reportagem não conseguiu contato com Neves neste sábado. Já a defesa do conselheiro destaca a insuficiência de informações sobre a suposta lavagem de dinheiro. “Suspeita-se com base em qual informação? Qual era o valor terra nua quando o Waldir Neves comprou a propriedade e qual o valor da terra nua hoje? Não há nenhum parâmetro para justificar qualquer suspeita”, diz o advogado Ronaldo Franco.