Por quem “choram” as crianças dos Ceinfs: Bernal ou vereadores?
As crianças dos Ceinfs (Centros de Educação Infantil) de Campo Grande estão chorando. Mas quem leva os pequenos às lágrimas na cidade? O prefeito Alcides Bernal (PP) afirmou, na manhã de hoje, que os alunos choram com a presença dos vereadores. Já os parlamentares, que reagiram à tarde, apontam como causa as deficiências nas unidades, como falta de alimentos e o matagal.
O presidente da Comissão de Assistência Social da Câmara de Campo Grande, Flavio Cesar (PT do B), confirmou que realmente ocorreu choro de crianças nas visitas dos vereadores aos centros de educação infantil, mas não por causa da presença fiscalizadora deles e sim por estarem com fome, por falta de frutas e verduras, e medo, devido ao matagal que toma parte dos Ceinfs.
“Eu confirmo realmente que algumas crianças estavam chorando desesperadamente nos Ceinfs., mas em função da falta de alimentos, principalmente de frutas. Havia apenas bananas podres num dos Ceinfs que visitamos”, afirmou Flavio Cesar.
Nesta semana, Flavio comandou visitas aos Ceinfs dos bairros Nova Lima, Jardim Columbia, Conjunto Oscar Salazar e Jardim Marabá. Nos dois primeiros tiveram acesso às unidades de educação e nos outros dois foram barrados por ordem da secretária municipal de Assistência Social, Thaís Helena.
Nesta manhã, Bernal apoiou a determinação de sua secretária, alegando que a medida para restringir o acesso de "estranhos" às creches visa proteger os estudantes.“Estão indo para os Ceinfs e as crianças ficam chorando. Quando chegam os vereadores, as crianças de 1 a 4 anos começam a ficar preocupadas porque eles interferem no ambiente, entram como se houvesse algo errado. Tem criança, que quando vê o vereador, chora desesperadamente”, argumentou o prefeito.
Além do “choro das crianças por falta de alimentos”, segundo o vereador Flavio Cesar, há também o “medo de animais peçonhentos por causa de matagal no Ceinfs, subindo pelas grades e paredes”. Para ele, o prefeito Alcides Bernal e sua secretaria deveriam visitar essas unidades para ver de perto o que foi constatado pelos vereadores para tomar as devidas providências.
Conforme Flavio Cesar, nas duas creches que entraram, a dos bairros Nova Lima, Jardim Columbia, foram encontrados matagais. “Inclusive numa delas, a própria diretora, por iniciativa dela mesma, tinha colocado o veneno mata-mata para dar amenizada na situação”, revelou o vereador. Segundo ele, há fotos que comprovam essa situação “que retratam abandono total dos Ceinfs desde que a administração atual assumiu”.
A secretária Thais Helena tem justificado sua restrição às visitas dos vereadores à necessidade de garantir tranquilidade ao ambiente escolar. Já Flavio Cesar declarou que as visitas são feitas respeitando-se o ambiente escolar. “Nunca tivemos atitude de invasão. Tomamos toda cautela possível. Entramos só para observar e conversar com a direção e funcionários. Em momento algum atrapalhamos nenhuma atividade de refeição, de descanso, de banho”, relatou ele.
Grazielle Machado (PR) sustentou que se os vereadores não tivessem essa preocupação com os alunos não teriam pedido apoio da polícia para entrar no Ceinf do Conjunto Oscar Salazar, onde foram barrados.
Segundo ela, o Art. 26, parágrafo 2º, da Lei Orgânica do Município (LOM), permite livre acesso dos vereadores das unidades administrativas do município. “Poderíamos ter chamado a polícia para garantir o nosso direito”, disse a vereadora.
