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Política

Sem líder político, Bernal chega ao 111º dia com fama de "centralizador"

Jéssica Benitez | 21/04/2013 11:48
Vereadores consideram Bernal centralizador e desgastado (Foto: Vanderlei Aparecido)
Vereadores consideram Bernal centralizador e desgastado (Foto: Vanderlei Aparecido)

Completando hoje o tão esperado “111º dia de gestão”, o prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal (PP), está longe de conseguir progresso e fraternidade entre o Executivo e o Legislativo. Na opinião dos vereadores, não somente do bloco opositor, mas também de parlamentares independentes, a falta de articulação por parte de Bernal está o desgastando politicamente. Além disso, o estilo “centralizador” de governar tem sido um dos piores agravantes neste conturbado início de gestão.

O pensamento massificado dos parlamentares reflete exatamente no confronto que o progressista tem travado com os demais poderes. Para o vereador Airton Saraiva (DEM) a ausência de um líder de governo ao lado de Bernal justifica tamanho desgaste em tão pouco tempo. “Quando você não tem um líder de governo para poder tratar de questões políticas você acaba esbarrando neste problema que ele esta tendo de relacionamento” disse.

Entretanto, o democrata destacou que mesmo com auxílio de um líder, os embates continuarão caso o prefeito não adote postura mais flexível não só no que tange relacionamento externo, mas também com seu secretariado. “O Bernal tem jeito ditatorial de administrar. Ele não confia e não dá autonomia nem aos próprios secretários”, contou.

A avaliação do presidente da Casa, vereador Mario Cesar (PMDB), segue a mesma linha de raciocínio. “Não é o perfil do prefeito agregar. Eu não estou inventando, não é uma avaliação do presidente da Câmara, é o relacionamento que ele está estabelecendo com todos os Poderes na esfera de governo e entendo que ele goste de trabalhar assim”, resumiu.

Para exemplificar sua opinião, o vereador Carlão (PSB), lembrou que em suas respectivas épocas de prefeito, o governador André Puccinelli (PMDB), tinha Osmar Jerônimo ao seu lado para ajudá-lo. O ex-gestor Nelsinho Trad (PMDB), por sua vez, tinha ao seu lado Rodrigo Aquino para garantir boa convivência com todos.

“Já ele (Bernal) nomeou o (Marcos) Alex, mas não dá poder para ele. Se você pedir para o Alex abrir uma farmácia que o hospital fechou ele vai ter que pedir para o secretario que vai ter que pedir para o Bernal para reabri-la. Este tipo de liderança não funciona na Casa, é liderança só na teoria”, finalizou Carlão.

Flávio César (PTdoB), líder do prefeito na Câmara durante a gestão passada, utilizou sua experiência para analisar a administração progressista. Para ele a presença de um líder de governo minimizaria os problemas entre o Executivo e o Legislativo. Flávio também acredita faltar autonomia para o vereador Marcos Alex (PT) tomar decisões em nome do prefeito na Câmara.

“Infelizmente o líder não tem conseguido, até talvez por falta de respaldo do próprio prefeito ou por conta do temperamento do líder que é mais explosivo, não tem conseguido cumprir papel de harmonizar os poderes”, afirmou. Mas para o parlamentar ainda há tempo de reverter a situação desde que Bernal mude a conduta adotada por ele até o momento.

Estreante na Casa de Leis, Chiquinho Telles (PSD) foi mais direto ao expor sua opinião. Para ele a ausência de alguém experiente ao lado do prefeito é o que está acarretando entraves à gestão da Capital. “Falta uma pessoa que o ajude a falar as coisas corretas, a se aproximar do Legislativo, essa é a grande falha do prefeito Alcides Bernal, vamos acreditar que seja isso, se não for isso, só pode ser incompetência”, sentenciou.

Até mesmo quem já esteve “entre os queridinhos” de Bernal, como é o caso da vereadora Rose Modesto (PSDB), admite que o chefe do Executivo não consegue governar sozinho e, por isso, deveria nomear alguém de confiança para ajudá-lo diretamente a comandar Campo Grande.

“Ele tem tanta coisa para cuidar. Vistoriar obras, correr atrás de recursos, ir a Brasília, se tivesse alguém para fazer papel de interlocutor, uma espécie de ponte, esse alguém seria um termômetro. Assim ele poderia saber como é que esta relação com os Poderes, o que precisa acontecer de ambas as partes”, concluiu.

Efeito colateral - Eleita com mais de 10 mil votos, ocupando o segundo lugar no ranking de vereadores mais votados em 2012, Rose Modesto acompanhou seu partido e apoiou Bernal durante o segundo da eleição do ano passado.

Diante de um relacionamento aparentemente consolidado, ela aceitou pedido do prefeito e se candidatou a presidência da Câmara Municipal, nesta época chegou a ser considerada a “menina dos olhos” do progressista.

A relação, no entanto, não durou muito justamente pela por conta da personalidade centralizadora do prefeito que não deu o espaço prometido ao PSDB. Atualmente a sigla segue independente.

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