Sob pressão e protestos, Juliana Zorzo pede demissão da Fundac
Quase um ano após assumir a direção da Fundac (Fundação Municipal de Cultura), Juliana Zorzo (PSC) foi acompanhada do pai e colegas de partido ao gabinete do prefeito Gilmar Olarte (PP) entregar sua carta de demissão no final da tarde desta terça-feira (10).
No documento, ela alegou motivos particulares e familiares. No entanto fontes da Fundac revelaram que o estopim da crise vivida pela dirigente ocorreu anteontem, no dia de seu aniversário, quando se mostrou profundamente entristecida e abatida com a grande vaia recebida por parte dos manifestantes no Paço Municipal após entoarem o “Parabéns pra Você”.
O pedido de saída de Juliana seria comunicado por ela em uma coletiva de imprensa nesta terça, porém foi demovida da ideia por força das atuais circunstâncias.
A demissão de Juliana Zorzo estava na lista de pedidos como um dos pré-requisitos da classe artística, que vinha ocupando a Fundac e o Paço Municipal desde a semana passada. A falta de verbas para pagar a dívida com fornecedores e artistas de R$ 4 milhões referentes ao FMIC (Fundo Municipal de Incentivo à Cultura) e Fomteatro (Programa Municipal de Fomento ao Teatro), mais o fato de ser formada em direito e não ser “do ramo”, foram aos poucos tornando sua situação cada vez mais insustentável à frente da Fundac.
De acordo com fontes internas da fundação, havia contra ela também uma articulação política do PMDB, conduzida nos bastidores pelo vereador Vanderlei Cabeludo, e junto aos artistas comandada pela vereadora Luiza Ribeiro, do PPS.
Outro fator que também pesou contra a ex-dirigente foi por ser evangélica e apoiar a realização do evento “Quinta Gospel” no ano passado, que investiu alto em cachês de bandas como Rosa de Saron (R$ 42.256,00) e Oficina G3 (R$ 46.540,00), apesar da situação de inadimplência com os artistas locais.
Segundo fontes, também causou a indignação de alguns servidores de carreira o aparelhamento da Fundac nos últimos meses com a contratação, para cargos políticos, de mais de 20 funcionários de confiança de Juliana Zorzo, a maioria egressos da Primeira Igreja Batista de Campo Grande, igreja que frequenta.
Os cotados para o cargo são o carnavalesco Valdir Gomes e o ex-presidente da Fundação Estadual de Cultura, Américo Calheiros, que já comandou a pasta nas gestões de Puccinelli e Nelsinho Trad, além de Maria de Fátima (Fafá), presidente interina da Fundac na administração Trad.