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Política

Taxistas falam de dificuldades e desigualdade na competição com Uber

Assunto volta à casa de leis dia 23, quando será feita audiência pública com representantes dos dois segmentos

Lucas Junot | 09/03/2017 15:44
Da esquerda pra direita, o presidente do Sintáxi, Bernardo Barrios e o presidente do sindicato dos mototaxistas, o Caburé (Foto: Izaias Medeiros/CMCG)
Da esquerda pra direita, o presidente do Sintáxi, Bernardo Barrios e o presidente do sindicato dos mototaxistas, o Caburé (Foto: Izaias Medeiros/CMCG)

Representantes dos taxistas e mototaxistas de Campo Grande usaram a tribuna da Câmara Municipal, nesta quinta-feira (9), para expor o posicionamento da categoria sobre o impasse com o aplicativo de caronas pagas (Uber), em meio à discussão sobre a regulamentação do serviço e da iminente CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que quer investigar as concessões de alvarás na cidade.

“Estamos vivendo momentos difíceis, terríveis, para que a gente possa sustentar nossas famílias. Ouvi que a Uber disse que o decreto do prefeito foi um dos piores do Brasil. Se foi um dos piores, e inviabiliza o serviço do aplicativo, então nós já estamos inviabilizados, nossa classe dos taxistas e mototaxistas. Tudo que contém ali é o que fazemos no dia a dia. Não sei como podem explorar um serviço com tanta diferença e desigualdade”, reclamou Dorvair Boaventura, o Caburé, presidente do Sindicato dos Mototaxistas.

O sindicalista lembra que existem duas leis nacionais que regulamentam o serviço de táxi e mototáxi no Brasil. Ele admite ainda que o serviço precisa, de fato, passar por uma reciclagem para oferecer melhores condições e preços aos usuários. No entanto, os profissionais querem concorrer com igualdade.

“Da forma que está, vai estrangular e descartar todo o setor de táxi e mototáxi no Brasil. Sofremos desde setembro, aqui em Campo Grande, a pior crise do setor. O mototaxista sai de casa às 6h, volta às 21h, e ganha R$ 30. Isso não paga nem a prestação da moto. Se travarmos uma discussão justa, com igualdade de direitos e deveres, resolveremos esse problema”, finalizou.

Presidente do Sintáxi-MS (Sindicato dos Taxistas de Mato Grosso do Sul), Bernardo Quartin Barrios, lembrou que a categoria é obrigada a seguir uma série de normas para manter o veículo no rua, o que reflete diretamente no preço oferecido ao usuário. Além disso, rechaçou a pecha de ‘máfia’ que os taxistas tem carregado desde a chegada do Uber em Campo Grande.

“Essa palavra tem um sentido literal muito duro para quem ouve, talvez não para quem profere. Temos suportado essa carga imposta pela mídia sobre o que é o serviço de táxi. Tem que ficar claro que o táxi, até hoje, é obediente às regras do município. Não damos um passo sequer sem anuência do poder público municipal. Estamos engessados para buscar uma livre concorrência”, afirmou.

Sem citar o nome da empresa, o sindicalista reclamou que o Uber praticou ‘dumping’ em um primeiro momento para “ganhar a sociedade”. “E nós, como ficamos? Máfia não. Trabalhamos dentro dos critérios impostos pelo poder público municipal”, continuou.

“Servimos a sociedade em várias ocasiões, há quase 100 anos em Campo Grande, e hoje parece que ficamos descartáveis. Não temos condições de combater essa proposta se não tiver condições de igualdade. Precisamos é estabelecer regras para que todos possam conviver em harmonia, para que deem perspectivas aos auxiliares de ganharem seus alvarás. Temos um sindicato organizado, e pedimos para que os senhores olhem com muita sabedoria”, clamou.

No próximo dia 23, a Câmara realizará uma audiência pública, às 15h, no plenário Edroim Reverdito, para tratar do assunto. O debate deverá contar com a presença de representantes do Uber, taxistas e mototaxistas, além de membros dos poderes Executivo, Judiciário e do próprio Legislativo.

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