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Política

Tema da campanha da fraternidade, audiência debate tráfico de pessoas

Mariana Lopes | 09/04/2014 17:41
Audiência pública discutiu problema do tráfico de pessoas (Foto: Mariana Lopes)
Audiência pública discutiu problema do tráfico de pessoas (Foto: Mariana Lopes)

Todo ano, o tráfico de pessoas movimenta aproximadamente 32 bilhões de dólares no mundo. A estatística inclui o Brasil e, inclusive, Mato Grosso do Sul. Os dados foram apresentados na tarde de hoje, em audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado, que debateu o tema deste ano da Campanha da Fraternidade, da Igreja Católica.

De acordo com o deputado estadual Pedro Kemp, proponente da audiência, o principal objetivo do encontro foi dar visibilidade ao assunto e mostrar para a sociedade em geral que o problema afeta, sim, Mato Grosso do Sul.

O deputado ainda aponta que os principais casos de tráfico humano são cometidos para exploração sexual, trabalho escravo e de bebês, seja para adoção ou para retirar os órgãos.

Dados da Polícia Federal, apresentados por Kemp na audiência, apontam que, de 2005 a 2011, foram instaurou 514 inquéritos sobre tráficos de pessoas no Brasil. Neste período, foram 157 casos de tráfico internacional do comércio sexual e 344 de trabalhos escravos.

De janeiro a julho de 2013, foram registrados 170 casos de tráfico humano internacional no Brasil e 90 de tráfico nacional. A exploração do trabalho de mulheres foram registrados 263 casos, dos quais 173 internacional e 90 nacional.

O deputado estadual ainda chama a atenção para a impunidade dos crimes. Segundo ele, menos da metade os criminosos foram punidos. “A legislação é muito frágil”, ressaltou Kemp durante a audiência.

Pesquisadora e membro do Comitê Estadual de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, Estela Scandola esclarece que o problema do tráfico humano em Mato Grosso do Sul não é apenas a questão de o estado estar em região de fronteira, mas sim a falta política pública entre as cidades.

A delegada da Polícia Federal Flávia Renata Matos revelou que há uma investigação de tráfico de pessoa em andamento em Campo Grande. Contudo, ela não deu detalhes porque o inquérito ainda não foi aberto.

Em 2013, uma operação da PF, em conjunto com o Ministério do Trabalho, desmantelou o caso de 32 paraguaios que sofriam trabalho escravo na produção de mandioca, em Naviraí, há 366 quilômetros de Campo Grande.

A partir desta investigação, a delegada contou que a Polícia Federal chegou até outro grupo, que foi investigado por tráfico de pessoas com exploração sexual. As vítimas eram mulheres e também foram trazidas do Paraguai. Na época, três aliciadores foram indiciados.

Contudo, a delegada lamenta que não há um órgão que faça trabalhe com a estatística e o controle do tráfico de pessoas em Mato Grosso do Sul. O crime pode ser denunciado através do Disk Denúncia, pelo número 180.

Campanha da Fraternidade - Presente na audiência pública, o arcebispo da arquidiocese de Campo Grande, Dom Dimas Lara Barbosa, destacou que uma das principais preocupações é com o tráfico de pessoas durante a Copa do Mundo, que este ano será realizado no Brasil.

O País receberá muitos estrangeiros, o que despertou a preocupação com o turismo sexual que pode ganhar força neste período, principalmente na região do Nordeste. Contudo, o arcebispo ressaltou que Mato Grosso do Sul fica em uma forte região de fronteira, onde o tráfico de pessoas é bastante explorado.

Dom Dimas pontuou ainda que as políticas públicas dependem das autoridades do Estado. Portanto, a expectativa é que da audiência saia algum relatório que pressione um posicionamento da classe política.

Coleta – Neste domingo, quando a Igreja Católica celebra o Domingo de Ramos, toda a coleta de todas as missas será destinada à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), segundo Dom Dimas.

O dinheiro será revertido a projetos relacionados ao tema da Campanha da Fraternidade que foram enviados à CNBB durante o período a quaresma.

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