Trutis tenta trancar inquérito no plantão do STF, mas ministro nem avalia
Após investigação, Polícia Federal entende que deputado forjou o próprio atentado
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, não acatou o pedido do deputado federal Loester Carlos (PSL), o “Tio Trutis”, para trancar o inquérito da Polícia Federal, que investiga se o parlamentar forjou o próprio atentado em fevereiro deste ano.
O advogado Mário Panziera Júnior, que faz a defesa do deputado, explicou que o ministro do STF entendeu que o pedido “não era urgente” para ser avaliado durante o plantão do Supremo, por isso repassou o recurso para relatora do caso, a ministra Rosa Weber. “Acredito que ela vai avaliar (pedido) na próxima semana”, disse ele ao Campo Grande News.
Panziera explica que neste recurso a intenção é “trancar” o inquérito, para que não haja mais andamento na investigação, alegando que a Polícia Federal cometeu irregularidades ao longo da apuração.
Ele cita que seu cliente prestou depoimento e a PF não o informou que havia mudado a “linha de investigação”, já que antes o parlamentar estava na condição de “vítima” e depois já era suspeito de ter forjado o atentado. “Teriam que avisá-lo, até para ele decidir não se manifestar mais, é um direito que ele tem”.
Outro questionamento é sobre a “quebra de sigilo” do rastreador do carro, que o advogado alega a PF não tinha autorização. “Ainda fizeram a reconstituição do atentado usando outro veículo, quando o carro estava apreendido e poderia ser usado”.
Panziera destaca que no recurso enviado ao Supremo tem “novidades” sobre o caso, com dados e argumentação extensa, inclusive com vídeos. “O ministro (Dias Tófoli) entendeu que não era urgente, até porque está com 700 processos para julgar no plantão, mas acreditamos que vamos ter a liminar para parar o inquérito”.
Operação – Em 13 de novembro deste ano, a Polícia Federal deflagrou a Operação Tracker, que investiga se o deputado federal “forjou” o próprio atentado em fevereiro. Nesta ação foram feitas buscas e apreensões na sua residência e em vários locais.
Segundo os investigadores, após investigação que teve dados de rastreador de carro, câmeras espalhadas pela rodovia BR-060, perícia e apuração, eles classificação como uma “farsa” o atentado que Loester Carlos supostamente teria sido vítima, junto com Ciro Nogueira Fidelis, que trabalha em seu gabinete parlamentar.