Corregedor aguarda documento para notificar "Tio Trutis" a apresentar defesa
Parlamentar é alvo de investigação da PF por suspeita de usar laranjas para ter armas e planejar atentado fake
A Corregedoria da Câmara Federal vai dar prazo de cinco dias para o deputado federal Loester Carlos Gomes Trutis (PSL) se manifestar sobre o inquérito que ele responde no STF (Supremo Tribunal Federal), por falsa comunicação de crime, disparos em via pública e porte ilegal de arma. A reportagem apurou junto ao corregedor da Casa, deputado Paulo Bergston (PTB/PA), que só falta o documento chegar ao órgão.
O STF comunicou a Câmara Federal na semana passada, confirmou Bergston.
A investigação deriva da Operação “Tracker”, desenvolvida na quinta-feira (12) pela PF (Polícia Federal), para cumprir mandados de busca e apreensão em 10 endereços ligados ao parlamentar da “Bancada da Bala”.
Conforme a Polícia Federal relatou ao Supremo Tribunal Federal para pedir autorização para realizar as buscas, Loester Carlos forjou atentado em fevereiro deste ano, em rodovia de Campo Grande, na saída para Sidrolândia. Além disso, arquitetou esquema para ter acesso a armas por meio de laranjas, já que tem impeditivo legal para isso.
Declaração do próprio parlamentar informou à PF que ele responde a processo por violência doméstica e por isso não pode registrar armas em seu nome.
Preso e solto - No dia da operação, Loester acabou preso por estar com material bélico para o qual não possui autorização, em sua casa em Campo Grande. Foi solto horas depois, beneficiado pela imunidade parlamentar, que impede a prisão de parlamentares por crimes afiançáveis. Agora, segue respondendo ao procedimento investigatório policial e, também, a julgamento da Câmara.
Ele será notificado, terá cinco dias úteis para apresentar defesa e depois teremos um tempo para fazer o nosso parecer, o nosso relatório pedindo ou não a abertura de processo, de acordo com o material que chegar a nossa mão”, declarou o parlamentar do Pará.
De acordo com ele, ainda não tem conhecimento dos autos, mas essa é a praxe em casos do tipo. O julgamento na Câmara tem teor político. Em resumo, o objetivo é definir se houve ou não quebra de decoro parlamentar. Pelas regras, “Tio Trutis”, como é conhecido, corre risco até de perder o mandato.
Conforme o tipo de representação, cabe desde reprimenda, suspensão de mandato por até seis meses, ou a perda de mandato”, explicou Bergston.
A Corregedoria faz um parecer, que vai para a Mesa Diretora, responsável por encaminhar ou não ao Conselho de Ética, que também dá sua palavra. Nas duas fases, o andamento pode ser o arquivamento.
O julgamento final é no plenário, ou seja, o futuro de Trutis como deputado federal está nas mãos dos colegas da Câmara Federal.
Na atual legislatura, ele é o quarto parlamentar a enfrentar esse risco. A mais recente é Flordelis, a parlamentar do PSD do Rio de Janeiro acusada de mandar matar o marido. O processo dela não foi concluído ainda.
Loester "Trutis" só se pronunciou sobre as acusações até agora em vídeos nas redes sociais. Atacou a imprensa, disse que suas armas são legais, e até negou ter sido preso.