"Trutis" apela por voto a candidato acusado de ajudar a forjar ataque em rodovia
Deputado também negou prisão, chamou jornalistas de “maconheiros” e confessou sua admiração por Sérgio Harfouche (Avante)
Depois de ser preso na quinta-feira (12) e solto no mesmo dia pela Polícia Federal, por porte ilegal de arma de fogo o deputado federal Loester Trutis (PSL), postou vídeo em que nega a prisão, chama jornalistas de “maconheiros” e reforça a sua “admiração” pelo promotor Sérgio Harfouche (Avante), que é rival do candidato de seu próprio partido, Vinícius Siqueira (PSL), na disputa para prefeito de Campo Grande.
O deputado aproveitou a postagem para pedir votos para o seu assessor e candidato a vereador nas eleições deste ano, Ciro Fidelis (PSL), também acusado de forjar o atentado que a dupla teria sofrido, em 16 de fevereiro, quando o Corola do deputado foi supostamente atacado por atiradores. À época Fidelis era motorista do deputado. Durante a investigação a Polícia Federal chegou a pedir a prisão preventiva de Ciro.
Além de braço direito de Trutis, Ciro é o dono das duas armas encontradas pela PF (Polícia Federal) na casa do deputado. Na ocasião, no entanto, ele não apresentou registro das mesmas. “Eu tenho apenas um candidato que é esse aqui, Ciro Fidelis, meu assessor, armamentista, MBA em gestão, é o cara que ofereceu R$ 100 mil para quem achasse o mandante da facada do Bolsonaro ou descobrisse quem pagava o advogado do Adélio”, comenta.
“Eu preciso que vocês elejam esse cara aqui ó, Ciro Fidelis, o meu vereador, o único vereador que eu vou apoiar”, diz no vídeo direcionado aos 50 mil “cidadãos de bem” que o elegeram deputado, em 2018. Sobre o dia da prisão, o deputado comentou que foi alvo de um “verdadeiro assassinato de reputação”.
“Mais de 100 reportagens afirmam que eu fui preso, que eu seria transferido para o presidio de segurança máxima, para uma carceragem qualquer, sendo que isso é mentira, em momento algum eu fui preso”, diz o deputado na postagem em seu Facebook.
Trutis afirma que os policiais estiveram em sua casa em busca de uma pistola “ilegal” que não foi encontrada e que ele só foi encaminhado a PF para prestar esclarecimentos a respeito da procedência do seu fuzil. “Fiquei lá tomando Coca-Cola e comendo o chocolate que o meu pessoal levou para mim”, comentou. “Não fui indiciado, não fui preso e nem acusado de nada”, completa o deputado, contrariando toda a documentação sobre o caso que tramita no STF (Supremo Tribunal Federal).
O deputado também aproveitou a oportunidade para “confessar” a sua admiração pelo promotor Sérgio Harfouche (Avante), que é rival do candidato do PSL, o vereador Vinícius Siqueira (PSL), na disputa para prefeito de Campo Grande. O deputado e Vinícius “disputaram” internamente a vaga de candidato a prefeito pelo PSL, antes mesmo das eleições.
Em setembro, o PSL definiu Trutis e Lilian Durães, respectivamente, candidatos a prefeito e vice de Campo Grande pelo partido. Porém, Siqueira e a senadora Soraya Thronicke contestaram a decisão, alegando que ela foi tomada de forma irregular. A justiça acatou ao pedido e “selou” o fim da parceria política entre os dois. O próprio Loester levou Siqueira para o PSL.
“Eu quero confessar uma coisa, o promotor Harfouche, quando eu era o presidente do PSL em Campo Grande, ele foi a minha primeira escolha para ser prefeito. O convidei e ele disse que tinha compromisso com o Avante”, diz.
“Ele sabe que ele tem a minha admiração desde a época em que ele aplicava pena nos maloqueiros da Vara da Infância e do Adolescente”, completa. Por fim o deputado também distribuiu ataques a jornalistas, justificando que a imprensa “mente” ao dizer que ele foi preso, apesar de todos os argumentos da justiça atestarem o fato.
"E vocês, jornalistas maconheiros, que pegaram bravos com minhas propostas, inclusive da internação compulsória dos 'cracudos' que compram crack ao redor de Campo Grande, queria perguntar para vocês se vocês sabem a diferença do maconheiro pro 'cracudo'. É que o 'cracudo' não faz jornalismo nem fica na internet enchendo o saco das pessoas", ataca.
Prisão e soltura – Trutis acordou com a Polícia Federal na porta de sua residência, durante operação que reuniu 50 agentes nas ruas da Capital e de Brasília (DF) para coletar provas sobre o “atentado fake”, forjado pelo deputado federal em fevereiro deste ano. Ele foi preso antes das 7h de quarta-feira (12) por porte ilegal de arma de fogo, o deputado federal ficou até as 15h30 na Superintendência da Polícia Federal em Campo Grande.
O parlamentar tinha consigo um fuzil, pistola 9 mm e revólver calibre 357, segundo decisão pela soltura do parlamentar, expedida pela ministra Rosa Weber, do STF (Supremo Tribunal Federal), no fim dessa quinta-feira. A ministra concluiu que a posse do fuzil não é um crime inafiançável e por isso, não pode manter Trutis preso, uma vez que ele tem foro privilegiado por ser deputado.