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Política

Vereadores discutem lei para acabar com "apadrinhamento" das casas

Graziela Rezende e Jéssica Benitez | 13/09/2013 10:35
Moradores na fila por casa lotaram audiência na Câmara Municipal (Foto: Marcos Ermínio)
Moradores na fila por casa lotaram audiência na Câmara Municipal (Foto: Marcos Ermínio)

Se aprovado, um projeto de lei em tramitação na Câmara Municipal de Campo Grande, de autoria do vereador Zeca do PT, pode acabar com a história do “apadrinhamento” e ainda divulgar, em tempo real, o andamento dos cadastros nos programas habitacionais e sociais da Capital. Nesta sexta-feira (13), a Comissão Permanente de Obras discute o assunto e pretende aprovar o projeto até o final do ano de 2013.

Para pôr o projeto em prática, Zeca sugere um “portal da transparência” para o acompanhamento dos cadastros, assim como ocorre em Brasília. “A pessoa que fez um cadastro acompanhará a sua posição, principalmente, quando saírem novas casas. Recebemos denúncias de beneficiados que estão reformando e vendendo as casas, principalmente no Portal Caiobá”, comenta o petista.

O portal, em funcionamento da internet teria fácil acesso, constando apenas o nome e o número da colocação na fila. Sobre a venda ilícita, o vereador diz que foi pessoalmente pedir ao Ministério Público para que faça uma visita em alguns bairros, porém diz que o “MPE não tem tanta contundência com alguns, como tem com outros”.

“Também queremos acabar com os boatos de apadrinhamento. Se a pessoa está em uma colocação na fila e não foi contemplada, ou está com documento errado ou estão passando a perna. Será uma ferramenta de controle social”, alega o vereador.

Tem morador que espera por uma casa desde 1998 em Campo Grande (Foto: Marcos Ermínio)
Tem morador que espera por uma casa desde 1998 em Campo Grande (Foto: Marcos Ermínio)

Em audiência nesta manhã, a Comissão de Obras, presidida pelo vereador Alceu Bueno (PSL), ressalta que o PL 1/2013 já está em tramitação na casa e, se a Comissão de Obras aprovar, vai para votação. O projeto ainda “passa pelas mãos” do prefeito Alcides Bernal (PP). “Se ele vetar, a Câmara derruba o veto e promulga a lei”, avalia Zeca.

Década passada - Com cadastro desde 1998, a professora Estela Marques Barba, 40 anos, diz que levou a sua documentação e a da mãe, porém ambas não conseguiram nada até o momento. “Minha mãe está com 70 anos e até agora nada. Em outubro de 2010, a Ehma me chamou, pegou todos os dados e disse que eu iria ser contemplada. Eu inclusive assinei documentos que iriam para a Caixa e até hoje estou esperando”, lamenta a professora.

Novamente na Ehma, a professora foi informada que não tem nada de novo no seu cadastro e por isso uma sindicância foi aberta. “Eles vão apurar o que está ocorrendo. Também tenho duas filhas, com cadastro de 2010 e até hoje elas também não conseguiram”, conta a professora, dizendo que em Janeiro de 2011 foi informada que seria beneficiada no Portal Caiobá.

Da mesma maneira aguarda a confeiteira Luzia Decaleto, 36 anos. Ela fez o cadastro no ano 2000, quando havia acabado de se casar. “Disseram que não tinha grandes chances de conseguir porque não possuía filhos, por isso fui renovando o cadastro a cada ano. Mas em 2011 retornei, agora com dois filhos, um com problema psiquiátrico e o marido aposentado por invalidez. Agora estava na prioridade, mas não sei que preferência é essa”, fala Decaleto.

Naquele mesmo ano, a confeiteira foi informada que receberia a visita de uma assistente social. “Ela não foi e então eu tentei me mudar para a Cidade de Deus, porque disseram para que teria prioridade na fila, com o pagamento de R$ 3 mil, mas não tinha esse dinheiro”, denuncia.

Tempos depois, os moradores dos barracos conseguiram se mudar para um residencial de nome Vila Fernanda. “Há 4 dias vi um anúncio de gente vendendo casas lá por R$ 12 mil. Me passei por interessada e fui atendida por um corretor. Porém, ao fazer a denúncia na Ehma, eles não deram importância alguma”, comenta.

Para discutir o assunto, além dos vereadores e pessoas inscritas nos programas, também participa o Secretário de Obras, Semy Ferraz.

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