Plantão da vacina tem 12 mil doses, baixa procura e alerta com fake news
Campo Grande chegou a 70% da meta e número de casos investigados de sarampo subiu para 8
Com plantão neste fim de semana em cinco unidades de saúde, Campo Grande tem 12.800 doses à espera da crianças para alcançar a meta de imunizar 95%, na faixa etária entre 1 ano a menores de 5 anos, contra sarampo e poliomielite.
Neste sábado (dia primeiro), o cenário é de preocupação da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), principalmente com notícias falsas (fake news) de que a vacina causa complicações; e de pais tranquilos, conforme evidenciado na baixa procura pela imunização no começo da manhã. Em Campo Grande, o número de casos investigados de sarampo aumentou de quatro para oito.
De acordo com a coordenadora da Vigilância Epidemiológica, Mariah Barros, até ontem (dia 31), a cidade alcançou 70% da meta. O objetivo é chegar a 47.500 crianças (95%). “Ainda é muito baixo. Além do público ser dependente, tem a circulação de fake news falando que as vacinas 'dão' hidrocefalia, autismo. Isso é um crime. Essa geração nunca viu pólio e sarampo, não acredita que isso existe”, afirma.
Conforme Mariah, a Venezuela tem surto de poliomielite, enquanto a Europa registra casos de sarampo. No Brasil, segundo ela, são 10 mortes por sarampo. “Era uma doença erradicada, mas no momento que a pessoa relaxa, deixa de vacinar, isso acontece”, diz, sobre os novos casos. No CRS (Centro Regional de Saúde) Tiradentes, foram 20 crianças vacinadas até às 8h20.
A campanha deveria ter sido encerrada ontem, mas, em busca da meta, a Capital terá plantão hoje e amanhã em cinco unidades: Centros Regionais de Saúde Nova Bahia, Tiradentes, Aero Rancho, Coophavila e UBS (Unidade Básica de Saúde) 26 de agosto.
As equipes serão reforçadas para atender à população das 6h15 às 17h45, sem intervalo para o almoço. Serão duas salas de vacinação em cada local neste fim de semana. Cada sala tem dois técnicos, dois digitadores e um enfermeiro.
Relutância infantil – Os pais precisam vencer a relutância das crianças, que mesmo do alto de um ano e alguns meses já deixam claro o medo da vacina. O engenheiro de computação Axel Martins, 31 anos, conta que a filha Maria Eduarda, um ano e nove meses, nem pode ver os profissionais de branco. Ele diz que não há muita estratégia além de segurar a criança para que seja vacinada.
A microempresária Stefanie Maia Tlass, 23 anos, disse ao filho David Lucas que era só a gotinha. “Ele não gosta, chora sempre”, diz. Ela mora no Maria Aparecida Pedrossian e foi ao CRS do Tiradentes, bairro vizinho. Stefanie diz que procurou o posto durante a campanha, mas não tinha vacina.
No CRS Nova Bahia, a professora Janúcia Trindade Alencar Rodrigues, 34 anos, mãe de trigêmeas de um ano e dois meses, levou Rebeca e Mariah para vacinar. A terceira filha é Isabelle, que está em casa com problema de saúde.
“Não consegui trazer antes”, conta a professora, que passou dois meses no hospital com a filha, agora em home care (atendimento em casa). Ela também buscaria informações de como vacinar a criança que não pôde ser levada ao posto de saúde.
Mãe de Bianca, dois anos, a dentista Thaís Viana, 31 anos, prometeu que depois da vacina o prêmio será passear no parque.