ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, QUINTA  21    CAMPO GRANDE 28º

Reportagens Especiais

Na troca de ano, "Coreia" passou de policial a personagem de crime

O policial também protagonizou várias polêmicas, uma delas entre a OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil) e o Poder Judiciário

Viviane Oliveira | 31/12/2017 09:10
Na troca de ano, "Coreia" passou de policial a personagem de crime
Ricardo Moon pouco antes de começar a ser ouvido em  audiência, ocorrida em abril, sobre o caso (Foto: Arquivo / Marcos Erminio)
Ricardo Moon pouco antes de começar a ser ouvido em audiência, ocorrida em abril, sobre o caso (Foto: Arquivo / Marcos Erminio)

No último dia de 2016, o policial rodoviário federal Ricardo Hyun Su Moon, 47 anos, foi personagem de um crime e protagonizou várias polêmicas, uma delas entre a OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil) e o Poder Judiciário. O policial, conhecido como "Coreia" matou a tiros o empresário Adriano Correia do Nascimento, 32 anos, e feriu mais duas pessoas em briga de trânsito. O crime foi na Avenida Presidente Ernesto Geisel.

Por volta das 5h da manhã do dia 31, o policial seguia em uma Mitsubishi Pajero, de cor prata, ao sentido rodoviária, onde embarcaria rumo a Corumbá para assumir o posto de trabalho na PRF (Polícia Rodoviária Federal). Porém, se envolveu em briga de trânsito e atirou sete vezes contra a Hilux do empresário.

Adriano, dono de dois restaurantes japoneses na cidade, foi baleado, perdeu o controle da direção e o veículo atingiu um poste de iluminação pública. Os passageiros da caminhonete, Agnaldo Espinosa da Silva e o enteado que na época tinha 17 anos ficaram feridos e foram socorridos. O policial não foi detido na hora, apesar da presença de vários policiais no local. Ricardo só apareceu na delegacia horas depois e foi preso em flagrante.

Outro fato que causou revolta na época é de que nos vídeos e fotos, o policial aparece de camiseta listrada e a calça da farda. Mas na delegacia, trajava a farda completa. Sobre a situação, segundo o MPE (Ministério Público Estadual), o preso deu versões fantasiosas. Nos depoimentos, Ricardo reforçou que sempre se identificou como policial e atirou por legítima defesa. Adriano não estava armado.

Bombeiros atendendo as duas vítimas que ficaram feridas (Foto: arquivo/Simão Nogueira)
Bombeiros atendendo as duas vítimas que ficaram feridas (Foto: arquivo/Simão Nogueira)

O PRF foi solto 24 horas depois do flagrante (no dia 1º de janeiro), mas voltou para a prisão cinco dias depois após pedido do MPE. A ordem para prendê-lo foi dada pelo mesmo juiz que tinha determinado a soltura. O policial foi preso novamente e solto no dia 1º de fevereiro. Desde então responde ao processo em liberdade.

Na ocasião, a OAB-MS (Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Mato Grosso do Sul) emitiu nota se posicionando contra a concessão de liberdade provisória ao policial e afirmando que iria ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça) contra a decisão. A situação causou mal-estar entre a OAB e Poder Judiciário que também encaminhou texto de repúdio e classificou como “oportunista” a manifestação da entidade.

Meses depois, em março, dois flambadores de sushi (maçaricos que lembram formato de revólver) apareceram na caminhonete de Adriano, que desde o dia do crime estava apreendida no pátio da Coordenadoria Geral de Perícias, na Avenida Senador Filinto Müller, Vila Ipiranga. O episódio causou desconforto entre os servidores do instituto. As provas foram “plantadas”.

Em abril, em audiência sobre o caso, o policial se defendeu da acusação de homicídio contra o empresário dizendo que agiu em legítima defesa. “Se eu não tivesse atirado, estaria em um hospital ou morto". Ricardo garantiu que tomou a atitude por instinto. “Não queria matar ninguém, mas a gente é treinado para viver e não para morrer". 

O PRF foi denunciado por homicídio doloso e tentativa de homicídio contra Agnaldo e o adolescente, passageiros da caminhonete. O processo está pronto para decisão do juiz, que vai decidir se pronuncia ou não o réu a júri popular. A defesa recorreu ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) para que o processo seja transferido à Justiça Federal.

Nos siga no Google Notícias