A questão da vida
Dentre os muitos malefícios que o coronavírus está a proporcionar à população mundial, o mais destrutivo é o vírus do medo, que faz com que todos se encolham, se recolham, se anulem – é um verdadeiro partido da morte. Embora a morte faça parte da vida, não devemos permitir que elimine nossa alegria de viver, porque a vida é infinita. O vírus do medo quando se infiltra insidiosamente na mente das pessoas permanece oculto, difundindo seu mal. Enquanto estivermos por aqui, trabalhemos com fé, gratidão, multiplicando nossos talentos, exercitando a alegria de viver.
Penso que devemos integrar o partido da vida. A vantagem dos momentos atuais é o despertar da solidariedade. Vemos diversas campanhas incentivando uma missão divina: doações que serão convertidas em cestas básicas. O vírus não consegue parar com a fome. Mais do que por ação do vírus, pessoas morrerão de fome, porque deixaram de trabalhar, de obter recursos para sua manutenção e não têm a quem recorrer.
A internet nos permite obter informações de muitas fontes e, que por serem adequadas a este tema, tomei a liberdade de inseri-las no texto.
As medidas profiláticas estão bem orientadas pelas autoridades de saúde. Então é só cumprir. O que deve se evitar é o pânico que causa mais mal do que o vírus em si. E, no extremo oposto, evitar também a displicência, o pouco caso e a negligência.
É o momento de procurar apoio na família, e de se evitar falar o tempo todo sobre o assunto. O apoio dos amigos também é fundamental, procurando manter a calma e irradiando um pensamento positivo, tentando, mesmo no isolamento, levar uma vida normal, evitando alimentar o medo nas outras pessoas. Um ambiente confinado é uma oportunidade para aprender, refletir e crescer como pessoa.
Quando o medo é intenso, tende a afetar o sistema imunológico. As pessoas ficam acuadas, desesperadas com a ideia de morrer, de perder familiares e amigos, de ficar sem trabalho e de não terem dinheiro para sobreviver.
Também temem ficar socialmente isoladas por muito tempo ou contrair o vírus ao se aproximar de alguém. Essas sensações devem ser interpretadas como um sinal de alerta, pois podem criar ou piorar doenças psíquicas. A mente humana é pródiga em prever o pior. Devemos aprender a mudar o foco. É hora de repensar tudo, a nossa vida, a nossa profissão, o modo de trabalhar.
Pesquisas mostram que as pessoas tendem a superestimar o quanto serão afetadas por eventos negativos e a subestimar a capacidade de lidar com situações difíceis e se adaptar a elas. Lembre-se de que você é mais resiliente do que pensa. Isso pode ajudar a atenuar a ansiedade.
O que se deve fazer é evitar a ansiedade, dormir adequadamente, exercitar-se sem excesso, tomar sol, meditar e aprender a relaxar, fazendo do isolamento um momento de reflexão. Priorizar esses comportamentos durante a crise do coronavírus pode ajudar bastante a aumentar o bem-estar psicológico e a reforçar o sistema imunológico.
Resiliência é a nova palavra da moda, embora seja muito antiga. A resiliência é a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, adaptar-se a mudanças, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas – choque, estresse, algum tipo de evento traumático.
A palavra resiliência tem sua origem no latim e significa voltar ao seu estado original, ou seja, é a habilidade de retomar seu funcionamento natural, especialmente após passar por situações críticas ou difíceis.
Então, minha gente, vamos ser resilientes e cantar a vida. O momento exige estratégias que colocarão em destaque a criatividade e a solidariedade unindo todos, indistintamente, em face do inimigo comum e deletério, porque sua ação permanecerá: o medo. Que só poderá ser eliminado por uma ação resiliente, voltar ao nosso estado original: somos todos filhos de Deus.
Para finalizar, nada melhor do que cantar a célebre canção de Violeta Parra, na interpretação inesquecível de Mercedes Sosa: Gracias a la Vida.
Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me dio dos luceros, que cuando los abro,
Perfecto distingo lo negro del blanco
Y en el alto cielo su fondo estrellado
Y en las multitudes el hombre que yo amo
Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me ha dado el oido que en todo su ancho
Graba noche y dia, grillos y canarios,
Martillos, turbinas, ladridos, chubascos,
Y la voz tan tierna de mi bien amado
Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me ha dado el sonido y el abecedario;
Con el las palabras que pienso y declaro:
Madre, amigo, hermano, y luz alumbrando
La ruta del alma del que estoy amando
Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me ha dado la marcha de mis pies cansados;
Con ellos anduve ciudades y charcos,
Playas y desiertos, montañas y llanos,
Y la casa tuya, tu calle y tu patio
Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me dio el corazon que agita su marco
Cuando miro el fruto del cerebro humano,
Cuando miro al bueno tan lejos del malo,
Cuando miro al fondo de tus ojos claros
Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me ha dado la risa y me ha dado el llanto
Asi yo distingo dicha de quebranto,
Los dos materiales que forman mi canto,
Y el canto de ustedes que es mi mismo canto,
Y el canto de todos que es mi propio canto
Gracias a la vida que me ha dado tanto.
(*) Heitor Rodrigues Freire écorretor de imóveis, advogado e membro do Instituto Histórico e Geográfico- IHG/MS.