Agroecologia: uma resposta eficaz à produção
O agronegócio é frequentemente visto como sinônimo de produção agrícola em grande escala. No entanto, é crucial compreendê-lo não apenas como uma forma de agricultura, mas como um modelo que se sustenta a partir da apropriação dos recursos naturais e da biodiversidade, deixando um rastro de destruição por onde passa. Ao mesmo tempo, a agroecologia se anuncia como uma alternativa a esse modelo, focada na defesa da vida, da saúde, da proteção ao ambiente e na soberania alimentar.
O modelo de agronegócio no Brasil, impulsionado na década de 90, se ampara no tripé: latifúndio, monocultura e exportação. São grandes extensões de terras dominadas por um grupo restrito, com um modelo agrícola altamente concentrado, que produzem monoculturas de commodities, como soja, algodão e milho, muitas vezes, às custas de áreas de florestas, de territórios indígenas e comunidades tradicionais. As commodities não necessariamente geram alimento à população.
Nesse contexto, além da concentração de terras e do monocultivo, uma das principais críticas ao agronegócio é o uso de agrotóxicos, que são utilizados para manter as monoculturas e a produção em grande escala.
No entanto, seus efeitos à saúde humana e ao meio ambiente são cada vez mais prejudiciais. A exposição a essas substâncias está ligada a uma série de problemas de saúde, como o câncer. Além disso, há a contaminação de rios e solos, danos irreversíveis à natureza.
Por outro lado, a agroecologia se concentra na diversificação das culturas, na integração entre agricultura e natureza e na promoção de práticas sustentáveis. A agroecologia não apenas produz alimentos, mas também organiza a vida de forma mais equilibrada e permite que as comunidades tenham controle sobre a produção e o acesso aos alimentos saudáveis. Além disso, a agroecologia é uma resposta eficaz à produção sem agrotóxicos, que pode tirar o Brasil do ranking de maior consumidor de veneno do mundo.
Cabe registrar que o Brasil tem direcionado investimentos significativos ao agronegócio, a exemplo do Plano Safra 2023/2024, que destinou cerca de R$ 364 bilhões ao setor. Em contrapartida, a Agricultura Familiar, que desenvolve práticas de agroecologia, foi beneficiada somente com cerca de 1/5 desse valor, recebendo R$ 77 bilhões.
Para mudar essa realidade, é fundamental a atuação do governo para a retirada dos incentivos fiscais dos agrotóxicos, implementando políticas de redução do uso de agrotóxicos e incentivo de práticas agrícolas mais sustentáveis. Também é crucial rejeitar o Projeto de Lei nº 1459/2022, conhecido como “pacote do veneno”, no Congresso Nacional, que visa flexibilizar ainda mais a produção e o consumo de agrotóxicos no Brasil.