As aglomerações na pandemia são atitudes parassuicidas
Ultimamente, presenciam-se muitas aglomerações humanas, mesmo que as recomendações sejam de distanciamento social; especialmente os jovens não têm seguido as regulamentações das organizações de saúde e orientações do poder público. Muito disto denota uma falta de conhecimento do assunto ou um certo obscurantismo, como também um mecanismo de defesa de negação e negacionismo.
Além disto percebem-se as aglomerações sociais como atitudes parassuicidas, que consistem em comportamentos que as pessoas tomam colocando em risco a sua própria vida e de outras, porém sem a real intenção de se matar ou matar alguém. O negacionismo seria uma forma de negar a realidade de que estamos em momentos críticos de alta contaminação pelo novo coronavirus. Já o mecanismo de defesa da negação seria como que para eu sobreviver eu preciso negar a morte e o adoecimento do outro.
Todos estes aspectos estão interligados à falta de disciplina, limites e obediência da nossa população, contrário a outros países que possuem lideranças que conseguem o respeito de seu povo dando exemplos e impondo regras e normas que são seguidas em prol de uma coletividade. Falta-nos este sentimento coletivo de empatização, que seria eu pensar na minha prevenção como um bem para o outro também, não somente para o meu individualismo. Seria como eu pensar em usar máscara, corretamente, a todo o tempo e não colocá-la abaixo do nariz quando eu estiver sozinho na rua, por que afinal “ninguém está vendo mesmo...”.
Ainda há tempo de tomarmos consciência imediata de que tudo isto passará; entretanto, não devemos esperar pelas vacinas para que comecemos a mudar nossos comportamentos. Devemos pensar que nossos atos não são individuais, mas sim sociais, refletindo diretamente na vida de nossos entes queridos, nossos vizinhos e outros seres humanos da nossa mesma espécie. O momento de conscientização é hoje, agora, afinal de contas podemos nos adaptar a usar máscaras, não se aglomerar, festejar de forma on-line este Natal e o Fim de Ano, respeitar os limites de distanciamento social, higienização própria e autocuidados com pensamento altruísta, coletivo e empático.
(*) José Carlos Rosa Pires de Souza é psiquiatra, PhD em saúde mental e professor do curso de medicina da UEMS.