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As mulheres no mercado de trabalho

Por Ellen Moraes Senra (*) | 10/04/2019 12:36

Apesar das mulheres representarem 52% da força de trabalho no mercado brasileiro, apenas 38% dos cargos de chefia são ocupados por elas. Vemos uma diferença grande não só nos cargos de chefia, mas também em relação aos salários. É também do conhecimento de todos que mesmo exercendo a mesma função, elas ganham menos.

Precisamos repensar nossos critérios enquanto sociedade, teoricamente igualitária, mas onde determinadas funções são atribuídas exclusivamente às mulheres e aos homens cabem apenas o papel de ajudar em casa, isso quando o fazem. Afinal, muitas vezes estão exaustos pela árdua rotina de trabalho.

Regras sociais existem desde sempre e sabemos bem que em algum momento da nossa história ficou subentendido que a mulher, por ser quem realiza a gestão da vida dentro de si e tem o “poder” de gerar alimento para seus filhos, deveria ser quem ficaria em casa cuidando dos mesmos. Por muito tempo isso fez sentido, já que realmente precisamos dos primeiros meses pós-parto para nos recuperar, por isso ganhamos o direito vigente em nossa sociedade atual à licença maternidade.

Todavia, deveria gerar estranheza que, salvo o período mencionado, ainda tenhamos desigualdade de cargos e salários, quando na realidade desempenhamos as mesmíssimas funções que qualquer homem, algo que simplesmente não faz sentido. Vejamos aqui uma possível solução para o atual problema, se quem nos dita as regras é a nossa sociedade, não seria mais do que justo que se fizesse um tipo de decreto que nos diga que após o parto o homem deve ter as mesmas responsabilidades que a mulher no que diz respeito aos cuidados e a educação dos filhos?

Seguindo ainda por outra linha raciocínio, não seria de se esperar que, justamente pelo fato de a mulher ser multitarefa (profissional, mãe, esposa, dona de casa entre outros), ela deveria ganhar igual, se não até mais do que os homens? Afinal, se essa mulher está no trabalho e ela for mãe, provavelmente ela está terceirizando os cuidados de seus filhos, o que custa caro. Caso a maternidade não esteja em pauta, ainda assim as atribuições dos cargos são os mesmos para homens e mulheres. Porém, nossa sociedade parece ainda não ter refletido muito sobre o assunto. Assim, cabe a nós o dever de fazê-lo.

Enquanto isso em 2018, a Islândia virou o primeiro país a tornar a igualdade salarial obrigatória. Lá é proibido que homens ganhem mais do que mulheres em órgãos governamentais e empresas do setor privado com mais de 25 funcionários. Os empregadores que não cumprirem com a lei arcam com multas e nós aqui no Brasil ainda aguardamos o dia em que exista igualdade de oportunidades e de salário. Enquanto esse dia não chega, vamos seguir na luta para sermos ouvidas e, ocasionalmente, atendidas.

(*) Ellen Moraes Senra é psicóloga e especialista em Terapia Cognitivo Comportamental. 

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