Brasileiros se interessam mais por ciência do que por esportes
Acompanhando uma tendência nacional, o sul-mato-grossense tem consumido, cada vez mais, temas relacionados à Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I). Uma pesquisa do Governo Federal realizada nos anos de 1987, 2006, 2010, 2015 e 2019, mostrou ao longo da série histórica que o interesse dos brasileiros em temas desse tipo supera, inclusive, o interesse por Esportes e Arte e Cultura.
O sinal mais claro nesse sentido está em uma das questões desta pesquisa que pedia para o entrevistado indicar seu grau de interesse em oito diferentes temas. Entre os que responderam, 62% disseram ter “interesse” ou “muito interesse” em Ciência e Tecnologia, percentual abaixo somente do interesse registrado em “medicina e saúde” (79%); “meio ambiente” (76%); e “religião” (69%). Importante destacar que a maioria das pautas sobre medicina, saúde e meio ambiente acabam também, direta ou indiretamente, abordando perspectivas próprias da Ciência e Tecnologia.
Tendo em vista essa busca popular por temas de CT&I e a necessidade urgente de se valorizar o conhecimento científico em detrimentos de tantas fakenews que têm circulado por aí, UEMS e Fundect se articularam para promover uma ação coordenada de divulgação científica em nível estadual.
O objetivo do projeto, intitulado Mídia Ciência, tem sido fazer com que a vasta produção acadêmica registrada no Estado, não fique somente nas bibliotecas universitárias, mas que chegue de fato até a população, possibilitando que as pessoas conheçam e se apropriem dos avanços científicos que puderem ser implementados nas suas práticas profissionais, ou na sua vida pessoal.
Considerando somente o último mês de agosto, os conteúdos de divulgação científica produzidos no âmbito desse projeto, que não tem fins lucrativos, alcançaram quase 23 mil impressões (22.998 para ser mais exato). É o equivalente a encher o teatro Glauce Rocha de Campo Grande com lotação máxima aproximadamente 30 vezes, com pessoas ouvindo sobre pesquisas que tratam, por ex: dos efeitos da pandemia na pecuária; técnicas para identificação de fakenews; orientações para confecção de máscaras; perspectivas de vacina, entre outros.
É claro que a comparação com o teatro é metafórica, já que são espaços com propostas de interação muito distintas entre si, mas os números revelam uma constatação inequívoca: as pessoas querem saber mais sobre ciência. Especialmente em um contexto de pandemia como o que estamos enfrentando.
Com tantos retrocessos que temos acompanhado nos últimos no que diz respeito a investimentos e valorização da ciência brasileira, um projeto como esse, focado em popularizar o conhecimento científico regional é mais do que necessário, é urgente.
(*) André Mazini é Jornalista, doutor em História e Coordenador do Projeto Mídia Ciência de Divulgação Científica (UEMS/Fundect)
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