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Ciência em alta

Isaac Roitman (*) | 07/07/2021 08:30

A pandemia da Covid-19 tem causado uma desestruturação na sociedade humana planetária, com um grande número de óbitos, saturação no sistema da saúde, aumento da pobreza e da fome, desempregos e colapso em atividades econômicas importantes. Aos poucos fomos conhecendo a biologia do vírus e um rápido e fantástico desenvolvimento de vacinas para a prevenção da doença.

Em julho de 2020, a Conferência Ethos, que reuniu infectologistas, pesquisadores e professores de Universidades, indicou que sairemos da pandemia com uma ciência reforçada. A pesquisa “Juventude e a Pandemia do Coronavírus” indicou que 5 a 10 jovens consideram que a pandemia pode trazer prestígio, reconhecimento e investimentos para a ciência e pesquisa e para a saúde pública.

Desde o início da pandemia, as manchetes de jornais utilizam expressões como EPI (equipamento de proteção individual), vírus, sequenciamento do genoma, RNA (ácido ribonucleico), anticorpos, RT-PCR (teste para diagnóstico da presença viral), evidências científicas, grupos de riscos, cardiopatias, dificuldades respiratórias, imunodepressão, respiradores, corticosteroides, vigilância sanitária, vacinas, plano nacional de imunização, distanciamento social, mutação etc.

Julia Moura, fundadora do TEC Educação, destaca que a pandemia é uma oportunidade para que a sociedade brasileira possa reconhecer a importância da Ciência. O ensino de Ciências (Educação Científica) deve ser estimulado e valorizado para que a sociedade reconheça o valor e a importância da Ciência.

A educação científica tem a função de desenvolver o espírito crítico e o pensamento lógico, a desenvolver a capacidade de resolução de problemas e a tomada de decisão com base em dados e informações. Além disso, é fundamental para que a sociedade possa compreender a importância da ciência no cotidiano. Ela também representa o primeiro degrau da formação de recursos humanos para as atividades de pesquisa científica, tecnológica e inovação.

No Brasil o florescimento das atividades de pesquisas tem atraído o interesse cada vez maior das crianças e jovens. O Programa de Iniciação Científica implantado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) desde o início da década de 50 conta com a participação de cerca de 100 mil universitários, sendo que a metade desses participantes recebe uma bolsa.

O Programa de Iniciação Científica Júnior, também implantado pelo CNPq, que permite que um estudante do ensino básico possa vivenciar um ambiente científico, conta hoje com cerca de 10 mil estudantes. O programa é oferecido aos jovens nas instituições de ensino superior ou em centros/institutos de pesquisas, onde a cada aluno bolsista são apresentados os fundamentos da metodologia científica, por meio do acompanhamento e desenvolvimento de projetos de pesquisa, sob a orientação de um pesquisador experiente.

Esse é o mais importante capital que temos, formando cientistas que certamente vão contribuir para que o país tenha uma política econômica voltada para o bem-estar de todos e todas.

É fundamental para que tenhamos uma política de estado para a Ciência, Tecnologia e Inovação com o aumento de fomento e a eliminação de qualquer tipo de contingenciamento ou interrupção de bolsas.

Devemos ainda reconhecer a importância de todas as áreas de conhecimento, particularmente das Humanidades e Sociais, para termos uma sociedade brasileira harmoniosa e feliz. É pertinente lembrar o pensamento de Leonardo da Vinci: “Os que se encantam com a prática sem ciência são como timoneiros que entram no navio sem timão nem bússola, nunca tendo certeza de seu destino.”

(*) Isaac Roitman é professor emérito da Universidade de Brasília, pesquisador emérito do CNPq e membro da Academia Brasileira de Ciências e do Movimento 2022-2030 o Brasil e o mundo que queremos.

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