Convivência em condomínios e a inevitável gestão de conflitos
Quando se observa um condomínio de fora, poucos têm noção dos desafios que podem surgir ao longo do tempo. Devemos lembrar que o condomínio é um reflexo da sociedade em que vivemos. Todos os problemas que existem do lado de fora do muro também podem ser encontrados do lado de dentro, embora em uma escala menor.
Encontramos pessoas financeiramente bem-sucedidas, assim como aquelas que estão em busca de oportunidades de emprego no mercado. Há moradores que aproveitam o espaço para cozinhar e vender seus produtos dentro do próprio condomínio. Temos vizinhos amigáveis e prestativos, que estão sempre dispostos a ajudar, mas também nos deparamos com os mal-humorados que não respondem sequer um "bom dia" no elevador. Além disso, temos aqueles que adoram animais de estimação e aqueles que não suportam a presença deles.
O condomínio também pode enfrentar problemas relacionados ao uso de drogas, muitas vezes ocorrendo até mesmo no mesmo andar de um vizinho que é policial. São tantos os desafios de convivência que eu poderia falar sobre eles durante horas a fio. No entanto, é importante sempre lembrar que o respeito, a capacidade de se colocar no lugar do próximo, a empatia e a paciência sempre serão fundamentais na tomada das melhores decisões.
Dias atrás, deparei-me com uma publicação no grupo do condomínio que dizia: "A senhora da unidade 171 estava transportando compras no elevador social, o que é proibido pelo regulamento interno." Minutos depois, outro morador escreveu: "Antes de reclamar ou criticar, você poderia ter perguntado o que aconteceu. Mas, se você não tem tempo para perguntar, eu tenho tempo para lhe responder: o elevador de serviços está temporariamente indisponível devido a uma manutenção preventiva."
Percebe-se que, de fato, um morador poderia ter perguntado antes de criticar, mas o outro também poderia ter respondido de forma mais receptiva. Devido a um questionamento mal colocado e uma resposta um tanto carregada, o caos se instaurou no grupo de WhatsApp do condomínio. Tal situação pode gerar brigas, desavenças e mal-estar, tudo isso por falta de empatia, respeito e cordialidade entre os vizinhos. Viver em um condomínio é compreender que você faz parte de um todo e que, para que esse todo funcione adequadamente, é necessário que cada um faça a sua parte.
Recentemente, fomos confrontados com um caso grave de racismo e ameaça com uma faca, noticiado nos telejornais, envolvendo uma senhora e seu filho contra um MC, baseado unicamente na cor da pele. Tal comportamento é absolutamente inaceitável. Todos somos iguais perante a sociedade, com os mesmos direitos e deveres.
Além disso, frequentemente nos deparamos com problemas resultantes de discussões sobre futebol na quadra do condomínio, em que as crianças se envolvem em brigas calorosas e os pais se colocam no meio para resolver, mesmo quando os usuários da quadra são menores de idade. Nesses momentos, devemos agir com bom senso.
Quando sentirmos que nossos direitos estão sendo violados, é necessário informar imediatamente o síndico e a administração para que tomem as providências necessárias, levando em consideração cada infração cometida. Nunca tente resolver o problema por conta própria, para que a situação não se agrave ainda mais.
A administração tem habilidades para mediar conflitos e evitar que o problema se intensifique. No entanto, caso se trate de algo mais sério, vale a pena não apenas registrar a ocorrência junto à administração do condomínio, mas também levar o assunto às autoridades policiais.
Elas saberão conduzir o problema e encaminhá-lo para uma solução adequada. É importante ressaltar que a melhor atitude para uma convivência harmoniosa é se colocar no lugar do próximo e questionar: "Se fosse comigo ou com algum dos meus parentes, eu gostaria dessa situação?" Certamente, se todos exercitarem essa reflexão, poderemos desfrutar de uma vida em condomínio mais pacífica e harmoniosa.
(*) João Xavier é síndico profissional e membro do Conselho de Administração do estado de São Paulo.