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Day after Glasgow

Ângelo Rabelo | 15/11/2021 13:30

No dia seguinte ao fim da Conferência do Clima, com alguns avanços, a sociedade percebeu que não pode depender das decisões dos governos com relação ao clima e nosso futuro. Além de serem questões complexas, possuem inúmeras divergências, o que reforça que todos devem se envolver não só nos debates, mas, principalmente, na execução das medidas acordadas.

Num cenário hipotético, imaginei algumas decisões importantes que começaram a ser tomadas por outros atores da sociedade, muitas delas, individuais, monocráticas.

O sistema financeiro reagiu rápido, pela competência de avaliar riscos futuros. O crédito agrícola tomou a decisão de incorporar, na avaliação das propriedades rurais, os recursos hídricos. Ter matas ciliares regulares e nascentes protegidas assegura o crédito rural com menor taxa de juros. Além de reduzir taxas, criou um fundo com 0,5% das operações para investir na recuperação de nascentes.

Os grandes grupos decidiram rever seus orçamentos, ampliando investimento das suas ações de sustentabilidade. Criaram o ”lucro social”, com a proposta de investir na sociedade e seu futuro e, ainda, resolvem adotar áreas protegidas.

O sistema judiciário passou a priorizar pautas ambientais, julgando com celeridade processos que protejam a sociedade de perder rios, florestas, banhados e paisagens.

O sistema bancário criou um “fundo emergencial do clima”, destinando 1% do lucro do último trimestre do ano.

O governo percebeu que precisava ir além dos discursos e resolveu rever o Orçamento da União do Executivo, aumentando de 1% (sim, este é o percentual atual) para 2% os recursos destinados ao Ministério do Meio Ambiente.

Os brasileiros decidiram agir e mobilizados pelo orgulho de ser “gigante pela própria natureza” vão plantar, cada um, uma árvore. Cerca de 230 milhões de árvores serão plantadas até 31 de dezembro de 2021.

Todas as propostas acima podem parecer um sonho, mas são oportunidades factíveis e necessárias. Numa nova edição do filme “Uma viagem para o futuro”, estaremos sentados no banco de réus por omissão.

As informações geradas pela ciência, comprovadas pelos fatos, a exemplo dos “eventos climáticos”, não permitem que adotemos uma postura de comodismo, de espera. Afinal, “quem sabe faz a hora, não espera acontecer", já nos lembrou Geraldo Vandré.

Ângelo Rabelo é diretor do Instituto Homem Pantaneiro

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