ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, SÁBADO  23    CAMPO GRANDE 32º

Artigos

Dia Nacional do Fotógrafo

Por Luis Gustavo Prado (*) | 08/01/2024 13:30

Hoje, 8 de janeiro, comemoramos, no Brasil, o Dia do Fotógrafo. Divergência de datas quanto à chegada da primeira câmera ao país à parte, foi em 16 de janeiro de 1840 que o abade francês Louis Comte fez as primeiras demonstrações da daguerreotipia no Brasil, e o jovem príncipe Pedro de Alcântara, futuro imperador do Brasil Dom Pedro II, conheceu a recém-anunciada Fotografia. Aliás, Dom Pedro II é tido como o primeiro fotógrafo nascido no Brasil, tendo adquirido seu primeiro equipamento fotográfico em março de 1840.

Dom Pedro II, durante seu reinado, foi um grande entusiasta e patrocinador da Fotografia no Brasil (uma curiosidade: foi ele o autor da primeira selfie, ou autorretrato, feita no país, por volta de 1860, na qual aparece posando em frente à sua câmera, que foi acionada por um cordão que passava por sua roupa). A partir de 1851, o título de "Photographo da Casa Imperial” foi concedido aos melhores fotógrafos do país, antes mesmo de uma iniciativa semelhante da Rainha Vitória, do Reino Unido. Em suas viagens havia sempre a presença de um fotógrafo (algo que se mantém com os atuais governantes e seus fotógrafos oficiais), e também comprava diversas fotografias nos países por ele visitados, formando um dos mais importantes acervos fotográficos do Séc. XIX, o qual foi doado à Biblioteca Nacional após o golpe militar que o tirou do poder.

Com o passar do tempo, devido talvez ao barateamento dos processos fotográficos e a consequente popularização da Fotografia, ser fotógrafo passou a ser visto até com um certo desdém. O prof. Luís Humberto, um dos pioneiros da Universidade de Brasília e importante nome da Fotografia brasileira, contava que, após sua saída da UnB em 1965 (junto com mais de 200 professores, em protesto contra interferências do governo militar, que determinou a demissão de outros 29 professores) e começar a trabalhar como fotojornalista, um seu conhecido questionou essa mudança profissional, considerando a nova ocupação como algo inferior ao cargo de professor antes desempenhado. Até hoje é comum para nós, fotógrafos, sermos questionados e menosprezados por nossa escolha profissional, ainda mais com a facilidade proporcionada pela fotografia digital e, mais recentemente, pelo uso da Inteligência Artificial. Para muitos, somos meros apertadores de botão. Desconhecem todo o trabalho envolvido desde antes do momento do clique até a entrega do resultado final.

Durante muito tempo, e ainda hoje, boa parte das pessoas considera as fotografias como provas da realidade. Lewis Hine, um importante fotógrafo documentarista dos Estados Unidos, disse que, “embora as fotografias possam não mentir, mentirosos podem fotografar”. Fotografias icônicas, que muitos achavam ser espontâneas, foram depois ‘desmascaradas’ como tendo sido posadas, combinadas entre as pessoas nelas registradas e os fotógrafos. Hoje nem é necessário saber fotografar, basta digitar alguns comandos e computadores criam novas imagens, com mais ou menos qualidade a depender dos comandos, ou prompts, que foram digitados. Em tempos de extrema polarização política, o mau uso da tecnologia na produção, alteração e publicação de imagens é algo preocupante, pelos possíveis estragos decorrentes.

Dependendo da área de atuação do fotógrafo ou fotógrafa, há riscos para sua própria segurança ou mesmo para a segurança de terceiros. Há exatamente um ano, por exemplo, vimos fotógrafos sendo agredidos, tendo seus equipamentos danificados ou subtraídos no exercício da profissão, durante a invasão dos prédios públicos na Praça dos Três Poderes. Em outras ocasiões, fotógrafos e outros profissionais são impedidos de atuar por forças policiais e outros agentes públicos que deveriam lhes garantir a segurança. Fotógrafos perderam a vida, ou ficaram gravemente feridos, na busca por boas imagens. Mas, mesmo com todos os riscos, fotografar é uma atividade apaixonante, algo que nos motiva ao acordarmos todos os dias e nos faz buscar sempre novos desafios, novas imagens, para mostrarmos nossos pontos de vista sobre o mundo em que vivemos.

A todos os fotógrafos e fotógrafas, independentemente da área de atuação, parabéns pelo nosso dia!

(*) Luis Gustavo do Prado e Silva é graduado em Fotografia pelo Centro Universitário Senac. Tecnólogo/Fotografia da Universidade de Brasília. Experiência na área de Artes, com ênfase em Fotografia.

Nos siga no Google Notícias