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Do Nosso Capital

Heitor Rodrigues Freire (*) | 01/02/2021 13:14

O que é o capital? Há inúmeras definições. Por exemplo: Aquilo que é essencial, fundamental, primário, principal. Pode ser o local onde se abriga a alta administração de um país, de um estado, de uma província, de um departamento.

Temos ainda as definições econômicas: Capital circulante é o valor operacional consumido na produção da indústria, ou na distribuição de bens e serviços – também chamado de capital de giro, quando se considera a diferença entre o ativo corrente e o passivo corrente, constituindo o patrimônio em movimento de uma empresa. Há o capital de risco, investimento em operação que poderá trazer um resultado incerto.

Capital efetivo é aquele realmente integrado na atividade social e usado para o desenvolvimento dos negócios. Capital disponível é o valor financeiro que uma sociedade dispõe para satisfazer suas obrigações ou atender seus próprios negócios.

Pois bem.

Há uma outra questão, porém: todos nós – humanos, animais, plantas, enfim, tudo o que existe em nosso planeta – temos um capital comum que é inerente a todos, renovado permanentemente e não se desgasta, que é depositado todos os dias na conta de cada um e cuja utilização será o que nos define, em consequência do nosso comportamento, e que Deus, em sua infinita sabedoria, distribui igualmente a todos, sem que ninguém possa reclamar que tem de mais ou de menos: o tempo.

Tempo é uma questão de administração e de prioridade. Mas, curiosamente, a grande maioria das pessoas não se dá conta. São 24 horas que se renovam todos os dias, ou 1.440 minutos, ou 86.400 segundos que são creditados em nossa conta, continuamente.

As pessoas vivem toda uma encarnação, e muitas vezes não aproveitam a oportunidade que ele representa, não utilizam esse capital. É muito comum a gente ouvir por aí: “Eu não vi o dia passar”; “Puxa, já estamos em novembro, o fim do ano está aí, passou voando”.

E por que isso acontece?

Exatamente pela falta de noção do que representa esse capital imenso, porque na maior parte do tempo não estamos presentes, agimos no automático, e por isso deixamos de utilizá-lo da melhor forma e só ficamos reclamando que o tempo passou e ninguém percebeu.

A distribuição igualitária do tempo – para todos – confirma a infinita justiça e sabedoria de Deus, porque para Ele não há diferença entre seus filhos.

Para Deus não existe pobre. Nem rico.

Essas classificações são feitas pela sociedade, que dividiu os seres em função do seu patrimônio, é uma convenção social. Para Deus também não existe a questão racial, que é outra distinção feita pela humanidade.

A questão da igualdade com que Deus trata os seus filhos tem um belo exemplo alegórico. Segundo narra o Antigo Testamento, durante a grande caminhada dos judeus, que saíram do Egito em direção à Terra Prometida numa jornada ao longo de quarenta anos, todos os dias o céu provia o alimento para todo o povo – o maná –, e a cada um cabia somente uma porção, que o satisfaria por 24 horas. Alguns desavisados ou aproveitadores teimavam em guardar além do necessário, mas quando tentavam se alimentar, o excesso recolhido esvaía-se e não podia ser aproveitado.

Da mesma forma, Deus aquinhoou a cada um, igualmente, com a mesma porção de inteligência, capacidade, discernimento, sabedoria e amor. Cabe a cada um alcançá-la.

O entendimento dessa realidade leva o homem a atingir sua salvação, porque o liberta do apego e da cega submissão religiosa, qualquer que seja sua pregação e origem.

E também nos leva ao conhecimento de que cada um é seu próprio salvador: nenhum de nós depende de um salvador externo, por mais sedutora que seja a sua imagem. Para se assumir essa posição é preciso coragem.

A propósito, Deus fala a Moisés, quase no fim do livro Deuteronômio, que Ele não colocou o seu mandamento no céu, para que o homem não pudesse alcançá-lo; não o colocou no além-mar, para que o homem não tivesse que transpor um oceano. Ele o colocou no coração do homem, para que não houvesse obstáculo, para mostrar que não há necessidade de nenhum intermediário para falar com Ele.

O caminho fica, dessa maneira, claramente determinado. Basta consultar o coração. Na medida em que cada um entender o significado e a finalidade do tempo, poderá aplicá-lo de forma consciente na sua própria libertação.

Para finalizar, um princípio de ordem hermética: “Se compreendes, as coisas são como são; se não compreendes, as coisas são como são”.

Heitor Rodrigues Freire (*)

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