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“E agora? Minha vida não é como as que vejo em rede sociais!”

Por Cristiane Lang (*) | 29/05/2024 13:30

As redes sociais, com suas fotos filtradas, histórias cuidadosamente editadas e postagens curadas, muitas vezes apresentam uma versão idealizada da vida das pessoas. Essa falsa imagem de perfeição pode criar expectativas irreais, levando indivíduos a compararem suas vidas reais com essas representações fabricadas.

A constante exposição a essas imagens idealizadas pode afetar negativamente a auto-estima. Quando as pessoas se veem incapazes de corresponder ao que é exibido nas redes sociais, podem sentir-se inadequadas ou fracassadas. Isso é especialmente impactante para os jovens, que estão em fases cruciais de formação de identidade e autoimagem.

Além disso, a busca incessante por validação através de curtidas e comentários pode gerar ansiedade e estresse. A necessidade de apresentar uma vida perfeita pode levar a um comportamento compulsivo de autopromoção e uma desconexão da realidade, onde o valor próprio é medido por métricas superficiais.

É importante lembrar que as redes sociais muitas vezes mostram apenas os melhores momentos e versões editadas das vidas dos outros. Cultivar uma mentalidade crítica e promover um uso saudável e consciente das redes sociais pode ajudar a mitigar esses efeitos negativos, reforçando a importância de valorizar a autenticidade e a aceitação pessoal.

Frequentemente, nas redes sociais, as pessoas compartilham apenas os momentos mais felizes e bem-sucedidos de suas vidas, criando uma ilusão de perfeição. Esse fenômeno pode ser analisado sob vários aspectos: Nas redes sociais, as pessoas têm o poder de selecionar o que compartilham.

Fotos de férias, conquistas profissionais, momentos de lazer e festas são muito mais comuns do que postagens sobre desafios diários, fracassos ou sentimentos de inadequação. Esse processo de curadoria cria uma narrativa unidimensional, onde só o melhor é mostrado.

Filtros e Edição: A utilização de filtros e ferramentas de edição é amplamente difundida. Aplicativos de edição permitem modificar a aparência física, ajustar iluminação, corrigir imperfeições e até alterar cenários. Isso significa que muitas das imagens que vemos são muito diferentes da realidade, promovendo padrões de beleza e sucesso inatingíveis.

Comparação Seletiva: nas redes sociais, tendemos a comparar nossos bastidores com o palco principal dos outros. Enquanto vemos nossos próprios desafios e imperfeições de perto, só vemos os pontos altos das vidas alheias. Essa comparação desequilibrada pode levar a sentimentos de inadequação e baixa autoestima.

Busca por Validação: a estrutura das redes sociais incentiva a busca por validação através de curtidas, comentários e compartilhamentos. Isso pode levar as pessoas a postar conteúdo não para expressar algo verdadeiro, mas para obter aprovação e reconhecimento. Essa dinâmica pode distorcer ainda mais a realidade apresentada.

Marketing Pessoal: muitas pessoas usam as redes sociais como uma ferramenta de marketing pessoal, promovendo uma imagem específica de sucesso e felicidade. Influenciadores e figuras públicas, em particular, muitas vezes criam uma persona online que pode não corresponder à sua verdadeira vida.

Falta de Contexto: as postagens nas redes sociais raramente fornecem contexto completo. Uma foto sorridente pode ocultar dificuldades pessoais, enquanto um post sobre uma promoção no trabalho pode não mencionar o estresse e os sacrifícios envolvidos. Sem esse contexto, é fácil interpretar mal o que vemos.

Efeitos Psicológicos: o consumo constante dessas versões idealizadas da vida pode ter efeitos psicológicos negativos. Estudos mostram que o uso excessivo de redes sociais está associado a níveis mais altos de depressão e ansiedade, especialmente entre jovens, devido à comparação social e à pressão para se conformar a padrões irreais.

 Entender que a vida nas redes sociais é uma construção parcial e muitas vezes irreal pode ajudar a mitigar esses efeitos negativos. Promover uma perspectiva crítica e consciente sobre o uso dessas plataformas é fundamental para manter uma saúde mental equilibrada e uma autoimagem realista.

(*) Cristiane Lang é psicologa clínica.

Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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