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Apesar de receio, Inteligência Artificial vai parar até em terapia

Profissional de Campo Grande criou plataforma que diagnostica e ajuda em análise de casos

Por Aletheya Alves | 28/05/2024 07:02
Tela inicial que é exibida ao paciente durante o primeiro contato. (Foto: Alex Machado)
Tela inicial que é exibida ao paciente durante o primeiro contato. (Foto: Alex Machado)

Com plataformas como o ChatGPT se destacando, há inúmeras ferramentas de I.A (Inteligência Artificial) se espalhando por áreas variadas enquanto as opiniões se dividem entre receios, dúvidas e aprovações sobre seu uso. Nesse cenário, uma equipe de Campo Grande criou uma plataforma de I.A focada em atendimentos psicólogos e psiquiátricos. Entre eles, o argumento é que dá para usar as novas tecnologias sem substituir nenhum profissional apenas para melhorar o atendimento.

Idealizador do iPsi, o psicólogo Marcelo Comparin explica que a plataforma paga tem o diagnóstico e a análise de casos como o principal foco. “Em ambas funcionalidades a I.A é programada para “pensar” como um profissional da área da saúde mental, respeitando questões delicadas e aprofundando em situações onde há maior demonstração de sofrimento psíquico”.

Ilustrando a reportagem, um formulário fictício foi criado para que as fotografias pudessem ser feitas.

Imagem do acesso disponibilizado ao profissional a um cadastro fictício. (Foto: Paulo Francis)
Imagem do acesso disponibilizado ao profissional a um cadastro fictício. (Foto: Paulo Francis)

Para fazer o pré-diagnóstico, o paciente responde a perguntas em um chat através de uma investigação que, segundo Marcelo, tem como objetivo conseguir uma primeira ideia sobre o perfil e personalidade do paciente. Nessa etapa, as perguntas a interações partem da escolha de teorias que o profissional escolhe.

Quando o paciente finaliza as respostas, tudo é enviado para a plataforma que o psicólogo ou psiquiatra tem acesso com um primeiro relatório, gerando um prontuário.

Nos resultados gerados pela I.A, há também um espaço para que o profissional escreva anotações para alimentar a plataforma com dados do paciente. “Na medida que o paciente segue seu tratamento, os registros fornecem ao iPsi, condições de auxiliar cada vez mais nos insights sobre o paciente”.

Conforme o tratamento segue, Marcelo explica que a Inteligência Artificial continua trabalhando ao lado do profissional com uma função para “discutir caso”. Unindo todas as etapas anteriores, é possível tirar dúvidas e buscar ideias para que as decisões do atendimento sejam tomadas.

Questionamentos são feitos a partir de teorias escolhidas pelo profissional. (Foto: Reprodução/iPsi)
Questionamentos são feitos a partir de teorias escolhidas pelo profissional. (Foto: Reprodução/iPsi)

A Inteligência Artificial vai substituir o psicólogo?

Quando a plataforma começou a ser desenvolvida, o psicólogo já imaginava que dúvidas sobre a substituição dos profissionais chegariam. Por isso, Marcelo defende que essa nunca foi a intenção.

“O objetivo é dar novos recursos a esses profissionais. A plataforma sem um profissional da saúde mental, não é nada. O iPsi otimiza o tempo, organiza as informações, possibilita ao profissional um estudo dos seus casos com profundidade. Se você pudesse ler milhares de livros para ter algumas ideias, as ideias seriam ainda assim suas. Do mesmo jeito que livros são apenas um recurso, iPsi também é um recurso, mas muito poderoso”, descreve o idealizador da plataforma.

Falando em conhecimento, outro detalhe a ser pensado é a forma com que a Inteligência Artificial é treinada, já que ela reúne materiais para gerar as informações. Sem explicar especificamente qual é a fonte do conhecimento usado para criar o banco de dados (se são artigos científicos e livros, por exemplo), Marcelo afirmou que a I.A conta com oito teorias que são usadas como base de conhecimento.

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Considerando que é uma Inteligência Artificial, ela busca coerência no raciocínio, dentro dessas fontes e respeita um modo de “pensar”, investigar e concluir. Permite que o usuário faça questionamentos dentro das abordagens para propiciar ideias a respeito do caso clínico", disse o psicólogo.

Ainda sobre o treinamento da ferramenta, ele explica que a plataforma tem uma tecnologia de última geração programada para “pensar” como um psicólogo ou psiquiatra. “Nossa equipe multidisciplinar de profissionais da área da saúde mental, junto com programadores especialistas em I.A, tem feito um excelente trabalho para desenvolver um modelo que não só é altamente preciso, como se mantém atualizado”.

Com 20 pessoas integrando a equipe, o profissional descreve que as atualizações são constantes com adição de novas teorias e manutenção das que estão funcionando.

Menos contato humano?

Na mesma lógica do questionamento sobre a substituição dos profissionais está a dúvida sobre a diminuição do contato humano que, para Marcelo, também não se aplica.

“O primeiro contato do paciente com quem o atende, seja o psicólogo ou psiquiatra, é insubstituível. A grande vantagem é que podemos ter uma primeira conversa com os pacientes, com algumas ideias de como ele funciona, que assuntos merecem aprofundamento e que, de acordo com as teorias que preferimos, como ele dinamiza”.

Sobre o assunto, ele comenta que alguns profissionais já enviavam questionários para adiantar informações. Agora, a diferença é que existe uma organização que pode ser associada com as teorias pré-definidas.

Exemplo fictício de discussão sobre caso de paciente. (Foto: Paulo Francis)
Exemplo fictício de discussão sobre caso de paciente. (Foto: Paulo Francis)

E como fica a segurança de dados?

Para contratar a plataforma, o profissional precisa ser cadastrado no Conselho Regional de Psicologia ou de Psiquiatria e esse é um primeiro indicativo da segurança, segundo Marcelo. Além disso, toda a plataforma é totalmente criptografada de ponta a ponta, “único que tem acesso ao relatório é o profissional que atenderá ou atende o paciente”.

Além disso, ele completa relatando que a plataforma também oferece materiais de treinamentos que explicam sobre as funcionalidades e outro sobre a ideia de fluxo de uso. Outro ponto é que, caso o paciente queira, todas as informações são excluídas do banco de dados.

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