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O Esforço para Ser Vítima ou Forte é o Mesmo

Por Cristiane Lang (*) | 14/12/2024 13:35

A maneira como reagimos às adversidades molda quem somos e o rumo da nossa vida. Diante de desafios, temos a escolha de assumir a posição de vítima, lamentando e atribuindo responsabilidades ao mundo, ou adotar uma postura de força, encarando os problemas como oportunidades de aprendizado e crescimento. Curiosamente, ambas as escolhas exigem esforço – mas o impacto de cada uma é radicalmente diferente.

O esforço de ser vítima

Viver como vítima não é tão passivo quanto parece. Requer energia para alimentar reclamações, justificar por que algo deu errado e encontrar culpados para o que acontece. Muitas vezes, isso significa revisitar constantemente dores passadas, nutrir mágoas e reforçar narrativas de injustiça.

Esse esforço, no entanto, gera um ciclo de estagnação. A energia investida em lamentações não traz soluções nem avanços. Pelo contrário, perpetua a sensação de impotência e reforça a ideia de que somos reféns das circunstâncias.

O esforço de ser forte

Por outro lado, ser forte também exige dedicação. Requer coragem para assumir responsabilidades, buscar soluções e, muitas vezes, enfrentar nossos próprios erros. Ser forte implica sair da zona de conforto, aceitar o que não podemos mudar e trabalhar para transformar o que está ao nosso alcance.

O esforço de ser forte, no entanto, é recompensador. Ele nos impulsiona para frente, nos ajuda a crescer e nos dá o poder de redefinir nossa história. Em vez de reforçar a impotência, ser forte nos conecta com nossa capacidade de agir, transformar e superar.

Por que muitas pessoas escolhem ser vítimas?

     1.    Zona de conforto emocional: Embora doloroso, o papel de vítima pode parecer seguro. Ele evita o desconforto de enfrentar mudanças ou assumir responsabilidades.

    2.    Validação externa: A posição de vítima frequentemente atrai atenção e empatia, criando uma sensação temporária de acolhimento.

    3.    Medo do fracasso: Ser forte implica tentar – e o medo de não conseguir pode fazer com que alguns prefiram não agir.

Transformando a mentalidade de vítima em força

     1.    Reconheça a escolha: Não podemos controlar tudo o que nos acontece, mas podemos escolher como reagimos. Reconhecer essa liberdade é o primeiro passo para sair da posição de vítima.

    2.    Aceite a responsabilidade: Assumir responsabilidade pela própria vida não é culpar-se por tudo, mas aceitar que nossas ações (ou a falta delas) moldam o futuro.

    3.    Foque no que pode ser feito: Em vez de gastar energia lamentando o que está fora do seu controle, direcione seu esforço para ações concretas e possíveis.

    4.    Reescreva sua narrativa: Troque “isso aconteceu comigo” por “isso aconteceu para mim”. Enxergar dificuldades como oportunidades de aprendizado transforma a maneira como lidamos com elas.

A recompensa de ser forte

Ser forte não significa nunca sentir dor ou tristeza. Pelo contrário, envolve reconhecer essas emoções, mas não permitir que elas nos definam. O esforço de ser forte cria resiliência, autoconfiança e uma sensação de poder pessoal que nos ajuda a enfrentar qualquer desafio.

O esforço para ser vítima ou forte é o mesmo, mas o resultado não poderia ser mais diferente. Enquanto a posição de vítima nos mantém presos ao passado e ao sofrimento, a força nos abre caminhos para o crescimento e a liberdade. Não podemos evitar as adversidades da vida, mas podemos decidir como reagir a elas. Afinal, se o esforço é inevitável, por que não investir naquilo que nos faz crescer?


(*) Cristiane Lang é psicóloga clínica, especialista em Oncologia pelo Instituto de Ensino Albert Einstein de São Paulo.

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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