O impacto da educação para o empreendedorismo no Brasil
O ano de 2020 será marcado na história da humanidade. Mesmo que o mundo já tenha vivenciado outras crises impulsionadas por um vírus, como foi o caso da peste bubônica e da gripe espanhola, a pandemia do coronavírus causou mudanças exponenciais em todo o planeta e em diversos setores. Foi visível que para responder ao novo cenário, tivemos que nos reinventar e usar da criatividade humana e o desenvolvimento de novas tecnologias para transformar e dar continuidade em diversos setores do mercado, na saúde e na educação.
Falando na educação, tivemos que vencer barreiras sociais, como o acesso à internet ou a divisão de tempo (dos pais), cuidado com os filhos e outros familiares, estudos e trabalho. A própria realização do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) levantou questionamentos sobre sua aplicação que foi adiada. Ou seja, conseguimos notar com mais clareza um gargalo cada vez maior no que diz respeito à educação no Brasil.
Ao passo que o mundo digital e uso de tecnologias permitiu romper barreiras físicas e reinventar nossa maneira de fazer negócios, empreender, se relacionar, na educação não foi diferente. Os modelos de ensino EAD e semipresenciais que já ganhavam força desde 2014, tiveram que mergulhar ainda mais nas experiências virtuais de aprendizagem e se utilizar da tecnologia para conseguirem se manter ativos ou se destacarem em seu setor, evitando a evasão escolar que foi crescente em 2020, atingindo 10,1% em meados de outubro .
Mas, é diante desse cenário que eu pergunto: Qual é a importância do papel da educação no cenário atual e a prioridade que devemos dar para que os alunos tenham acesso a um ensino de qualidade?
Para uma sociedade se desenvolver é necessário um pilar educacional forte. Segundo uma pesquisa realizada em 2019 pela BBC - British Broadcasting Corporation, os 5 países de referência mundial em educação universitária são: Suiça, Noruega, Alemanha, Finlândia e Estados Unidos e três deles (Noruega, Suíça e Alemanha) estão no top 6 do último ranking divulgado sobre o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) Global. De acordo com o documento Produtivismo Includente, da Secretaria Nacional de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, "Se o Brasil se tornar uma grande potência sem uma grande universidade de ponta mundial, será o primeiro caso da história de um grande país.".
Para pensar nesse ponto, entramos no tema deste artigo, que são os novos métodos de aprendizagem. Uma boa saída para esse momento é olhar com mais atenção para as soluções impulsionadas pelo contexto, como o aumento de cursos e adesão ao EAD, o surgimento de plataformas gamificadas, disponibilização de uma quantidade maior de equipamentos tecnológicos para alunos ou, ainda, na melhoria do fornecimento dos serviços de internet. Complementar a isso, a execução de atividades extra sala de aula, mesmo em formato assíncrono e virtual, que propiciem a consolidação do conhecimento teórico.
Um outro ponto dentro da educação e do desenvolvimento humano é o pilar da educação empreendedora que pode ajudar a elevar a qualidade de um país, já que ela tem como objetivo desenvolver pessoas para o empreendedorismo, para o empoderamento, ajuda grupos a alterar mentalidades e gerar atitudes que possam encontrar soluções transformadoras para os mais diversos problemas e em todos os setores, até os mais inimagináveis.
A educação empreendedora ocupa um espaço importante da educação, porque também desenvolve habilidades da sociedade como autonomia, criatividade, gestão, capacidade de cooperativismo, adaptação e fornece ao indivíduo as habilidades e o protagonismo necessários para aumentar sua inserção no mercado e para ter sucesso em seus empreendimentos. Aqui, as Universidades, por exemplo, podem inspirar o empreendedorismo aos estudantes, por meio de novos métodos de aprendizagem.
Entre os exemplos da aplicação disso estão a utilização da tecnologia para o ensino, espaços democráticos e diversos, debates, além de atividades de extensão que estimulem a prática da teoria aprendida em sala de aula, como iniciações científicas e a inserção de empresas juniores, que potencializam o empreendedorismo universitário, a entrada no mercado de trabalho e a inovação.
Portanto, temos como uma lição o questionamento e reflexão acerca do ensino no cenário atual. Tanto a educação como o empreendedorismo devem andar de mãos dadas, pois podem impulsionar o potencial de jovens em transformar o país e devem ser resposta à formação da juventude mesmo em tempos de crise. O ideal é utilizar novos métodos de aprendizagem e unir forças para que, de fato, consigamos inserir jovens no mercado usando as portas do empreendedorismo que estão sendo abertas.
(*) Fernanda Amorim é a Presidente Executiva da Brasil Júnior - Confederação Brasileira de Empresas Juniores