O perigo dos desafios da internet na pandemia
Um dos maiores perigos das redes sociais são os desafios da internet, que apesar de tirar risadas dos internautas, podem ser extremamente perigosos para quem os realiza. Muitas crianças, jovens e adultos têm gravado a si mesmos enquanto prendem seus corpos com fitas adesivas; saem do carro enquanto ele está em movimento e tentam voltar para ele ainda em movimento; asfixiam-se com um cinto ou lenço; e muitos outros que já fizeram vítimas mortais. O desafio da Asfixia, por exemplo, já levou mais de 89 crianças à morte, segundo pesquisas do Centro de Controle de Doenças norte-americano.
Recentemente, Adam Mosseri, CEO do Instagram, anunciou mudanças drásticas na rede social. Não é preciso de um detalhismo científico para perceber que, com a pandemia de COVID-19, o consumo de aparelhos eletrônicos entre crianças, jovens e adultos aumentou drasticamente e forçou uma adaptação por parte das redes sociais mais famosas pré-pandemia.
Para os mais abastados, escolas e faculdades migraram para o on-line e o encontro entre amigos também, surgindo uma necessidade de maior interação por vídeos partindo das redes sociais. Não é à toa que redes sociais de compartilhamento de vídeos de 30 a 60 segundos, como o TikTok, ganharam força na pandemia. E, pelo visto, é onde Mosseri irá posicionar o Instagram nos próximos meses. Este formato é ideal para os desafios da internet e, por isso mesmo, temos que estar atentos a eles.
Todos esses desafios são um alerta para os que ainda estão por vir, pois, esses desafios causam um estado de êxtase no indivíduo e ainda soma-se a possibilidade deste conseguir certa fama nas redes sociais, o que faz muitos tornarem-se adeptos aos desafios. Este é o tema do artigo científico publicado pela revista Reciis, da Fiocruz, em que Malena Contrera e Leonardo Torres discorrem sobre como desafios desse tipo podem contagiar psiquicamente outros indivíduos, transformando-se em um movimento viral e levando seus desafiantes à morte. Este assunto é pauta dos Centros de Controles de Doenças (CDC) pelo mundo inteiro e já fez vítimas em praticamente todo o Ocidente.
Evidentemente, as redes sociais tentam estar cada vez mais preparadas para censurar conteúdos virais desse tipo. O YouTube é um grande exemplo disso, quando o desafio da Asfixia ganhou muitos adeptos. Porém, não é só um dever das redes sociais, mas de todos nós, usuários, enquanto indivíduos, cidadãos e pais.
*Leonardo Torres, 31 anos, psicoterapeuta junguiano e autor do livro Contágio Psíquico.