Por que falar de Copa do Mundo de Futebol Feminino e Gênero? (Parte II)
Com a definição das quartas de final da Copa do Mundo de Futebol Feminino e confrontos confirmados entre Espanha e Holanda, Japão e Suécia, Austrália e França, Inglaterra e Colômbia, de quinta-feira à domingo, respectivamente, ainda há muito que se falar sobre gênero.
Com jogos de alto nível que têm demonstrado as potencialidades femininas assim como as masculinas, mesmo com a despedida do Brasil do Mundial de Futebol Feminino, o público e os diferentes meios de comunicação, permanecem apoiando meninas e mulheres.
Para chegar até aqui, lutas e conquistas das mulheres, tiveram marcos históricos importantes, tais como a “Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã”, da feminista francesa Olympe de Gouges em 1791, após a “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”, que foi escrita durante a Revolução Francesa em 1789, reivindicando o lugar e a igualdade de direitos das mulheres; paulatinamente, reivindicação do direito ao trabalho, ao voto e a ser votada, à educação, ao divórcio, aos direitos sexuais e reprodutivos, dentre tantos outros.
No Brasil, nomes como Nísia Floresta Augusta, considerada uma das precursoras do feminismo brasileiro, Leolinda Figueiredo Daltro e Bertha Lutz, são algumas que fizeram parte dessa História, nos inspirando, assim como no contexto do Futebol, fazem Martha, Debinha, Tamires, Ary Borges...
Seja “dentro ou fora de campo”, uma luta que permeia todo esse contexto, já que falamos de relações de poder, de opressão e dominação masculina, é o enfrentamento das diversas formas de violências cometidas contra as mulheres. Não poderíamos deixar de mencionar que estamos no mês de Agosto, em que se comemora o aniversário da Lei Maria da Penha, a Lei nº 11.340, instituída no dia 07 de agosto de 2006, que completa em 2023, 17 anos. Diversas ações em todas as esferas de governo, Instituições e sociedade civil, marcam o Agosto Lilás, para chamar a atenção para o fenômeno da violência contra as mulheres, bem como a necessidade de conscientizar e sensibilizar para as formas de seu enfrentamento.
Infelizmente, ainda vivenciamos comentários machistas e misóginos quando assistimos ao Futebol Feminino ou em outros espaços da sociedade que, refletem diferentes formas de violências, isso para não citarmos os números alarmantes que destroem vidas femininas e ressoam em pleno século XXI.
É preciso lembrar, assim como a passagem da Seleção Brasileira Feminina de Futebol, que ainda passaremos por muitas dificuldades, como foi se despedir na primeira fase da Copa do Mundo, mas que no movimento da História, as conquistas refletem esses “campos de lutas”, sem as quais não estaríamos aqui.
Nossa luta continua e é por todas nós.... Vai lá meninas e mulheres, nossa torcida é por vocês!
(*) Fabricia Santina de Oliveira Carissimi é Assistente Social do Humap/UFMS (Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian) e doutoranda em Psicologia pela UCDB (Universidade Católica Dom Bosco).