Por que você não está feliz com seu trabalho?
Essa é uma pergunta bem complexa e você vai entender logo mais.
Por um lado, é bastante triste entrevistar um profissional ou receber um novo cliente e descobrir a sua frustração ou infelicidade com o trabalho atual.
Quando me refiro a trabalho atual ele está relacionado à atividade que a pessoa desenvolve, a profissão que ele escolheu, a carreira que ele está seguindo, ou seja, está relacionado ao seu trabalho no dia a dia.
Parece simples chegar a uma profissão, passando pela escolha de um curso seja superior ou técnico, e depois da formação entrar no mercado de trabalho, porém é um processo relativamente longo e que demanda muita dedicação da pessoa.
Quando me refiro a dedicação precisamos pensar no início de tudo, quando a pessoa sonhava em ser alguém na vida em termos profissionais.
Para muitos isso começou de uma forma natural, ou seja, vou escolher determinada profissão e ponto. Para outros isso se deu através de interferências ou influências familiares seguindo, por exemplo, a tradição familiar em determinada área.
Poucas pessoas puderam experimentar um processo de apoio para que pudesse fazer a escolha profissional com o mínimo de dúvidas possíveis, analisando vários aspectos da futura profissão, e refletindo sobre isso antes mesmo e definir a escolha.
Muitos casos deram certo mesmo fazendo de uma forma natural, porém o que encontro ou o que encontramos no mercado de trabalho é um número bem expressivo de profissionais infelizes no trabalho atual querendo mudança.
Dizer que uma pessoa está infeliz no trabalho remete a muitas questões e uma delas, sem dúvida nenhuma tem a ver com a escolha que foi feita no passado. Problemas com o chefe, como mudança de gestão, relacionamento pessoal no trabalho, entre outros, também são coisas que acontecem a todo momento e temporariamente deixa a pessoa um tanto quanto frustrada, talvez triste, desanimado com o trabalho atual, porém são questões que tendem a ser resolvidas com mais tranquilidade ao longo de um determinado tempo.
Porém, quando essa frustração ou tristeza, está relacionada a escolha profissional, aí sim nós temos um problema um pouco mais complexo. Eu já comentei algo semelhante sobre isso em outros artigos, mas é importante sempre lembrar disso, que é o fato de terem feito uma escolha sem critérios, atuado ou estar atuando por vários anos na mesma profissão ou carreira, e agora perceber que não é feliz com o que faz.
O nível de complexidade aqui é maior porque muitas vezes a pessoa já está há décadas executando as mesmas atividades, está há décadas na mesma profissão, e de repente num belo dia cai a ficha de que aquele trabalho não lhe traz prazer ou felicidade ou ambos, então resolve buscar um novo tipo de trabalho, uma nova profissão, de repente uma nova carreira.
Aí nós temos uma dificuldade que começa a surgir que está relacionado com a vida útil da pessoa no trabalho. Talvez esse termo vida útil não soe muito bem, mas quero explicar que está relacionado com o tempo que nós temos ou o tempo que nós somos mais produtivos ao longo da vida, que tem a ver com o momento atual dessa pessoa em determinada profissão.
A problemática aqui está relacionada muitas vezes a idade. Não tem nada de errado querer começar tudo de novo depois de anos dedicados a uma mesma profissão. O detalhe é que as pessoas não se atentam na maioria das vezes que recomeçar com 30 anos é diferente de recomeçar com 50 anos ou mais.
O mercado de trabalho tem suas exigências com relação a faixa etária, embora isso seja algo discutível e não é o foco deste texto, muitas empresas tem sim restrições de idade para muitas atividades e funções dentro da estrutura organizacional.
Ocorre então que as chances de recomeçar ou de ter um trabalho numa idade um pouco acima da média tende a ser com certeza mais difícil.
Estou trazendo todo esse questionamento simplesmente para alertar sobre a importância de fazer a escolha da melhor forma possível no início, quando na maioria das vezes a pessoa sai do ensino médio e vai escolher o curso superior ou curso técnico no qual irá trabalhar provavelmente nos próximos anos.
O fato é que muitas pessoas que são frustradas ou infelizes com seu trabalho tem uma relação direta com essa escolha que aconteceu lá no passado. A vivência profissional ou a primeira experiência profissional atualmente tem mudado ao longo dos anos, pois há 20 ou 30 anos as pessoas começavam a trabalhar muito cedo, mesmo que não fosse um trabalho com carteira assinada, mas já havia a experiência do primeiro trabalho, do contato com a realidade no ambiente de trabalho, e certamente essa primeira experiência contribuía ou contribuiu muito para muitas escolhas profissionais que tiveram sucesso, porque o contato com o trabalho dá a dimensão à pessoa ou a percepção de que aquele tipo de atividade lhe agrada ou não, se está relacionado com o que ele gosta de fazer, se aquele trabalho proporciona algum rendimento financeiro que seja interessante mesmo no início.
Então a ideia desse texto vai de encontro aos jovens alunos do ensino médio que em breve farão sua escolha profissional, vai de encontro aos pais desses jovens alunos para que tenham muito cuidado na sua participação da escolha profissional dos filhos, vai também aos adultos que já são trabalhadores profissionais formados em algum curso e já tem a sua profissão e que estão infelizes e desejam mudar, e a todos os profissionais que já atuam e estão infelizes ou desanimados com o trabalho atual.
Sempre é possível fazer algum ajuste quando é identificado algum tipo de problema na carreira, seja ela inicial ou de longa data.
Talvez a questão mais importante aqui seja refletir imediatamente sobre todos esses sentimentos que estão presentes, e buscar ajuda o mais rápido possível antes que seja tarde.
Após ler esse texto, que suas reflexões possam te levar para um nível muito superior ao atual e se precisar de ajuda, já sabe onde procurar.
(*) Luciano Muchiotti é especialista em carreira e empreendedor.